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Blitz, a dois passos do paraíso
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Sabe aquela história do tipo “o que você estava fazendo exatamente na hora que as torres gêmeas foram atacadas?” ou  “onde você estava quando derrubaram o muro de Berlim?”. Pois é, eu me lembro exatamente o momento em que ouvi Blitz pela primeira vez: foi estranho, pois eu aparentemente não gostei muito, achei até meio bizarro. Mas as frases de “Você Não Soube Me Amar” não saíram da minha cabeça e, ao acordar no dia seguinte, já adorava aquela banda esquisita que nem conhecia direito e que pedia uma porção de batatas fritas com Chopp no meio da música.

Era um final de domingo (meio depressivo pra mim, como todo final de domingo — essa sensação semanal persiste até hoje) e tocava aquela música de abertura do Fantástico, decretando o fim do final de semana, mas justamente nesse programa deprê do Fantástico exibiram pela primeira vez o videoclipe da música.

Assim que a banda lançou seu primeiro disco (na época, ainda era vinil), “As Aventuras da Blitz”, ganhei não somente uma música preferida, mas todo um repertório que ficou por muito tempo rodando no meu toca discos, e eles ganharam um admirador fervoroso. Esse primeiro disco tinha uma peculiaridade que aguçou por muito tempo minha curiosidade: como era uma época de censura forte — e eles eram um grupo de imagem desafiadora e com uma língua afiada — esse disco veio com duas faixas RISCADAS. Eu sei que pode parecer difícil entender uma coisa dessas pra quem não viveu essa época, mas é isso mesmo: você comprava o disco e ele vinha com as duas últimas faixas totalmente inutilizadas. Tente imaginar o que não passava pela nossa cabeça: garotos de quinze anos, imaginando o que poderia ter naquelas letras censuradas.

 Além do visual colorido e alegre que chamava atenção  geral, a banda contava com duas vocalistas que deixava a  mim e todos meus amigos, simplesmente apaixonados:  Márcia Bulcão e Fernada Abreu. Me lembro de  uma apresentação da banda no Teatro Guaíra,  onde tínhamos a impressão de que elas olhavam dentro  dos nossos olhos e faziam o show praticamente só para  nós (lógico que era apenas imaginação de garotos — que  pena…)

Estou contando isso porque na semana passada assisti a mais um show da Blitz, com nova formação e não mais com nossas musas do passado (entraram duas novas), mas ainda contando com a mesma presença de palco do eterno “Menino do Rio” Evandro Mesquita, com seus 63 anos — mas levada de garoto — o baterista Juba e Billy nos teclados, da formação inicial. O show aconteceu no Iate Clube de Caiobá (parabéns à diretoria pela bela festa e pelos 55 anos do clube) e, apesar da idade das músicas,(pra mim música boa não tem idade) elas ainda funcionam muito bem, animando uma plateia em sua maioria na faixa dos 40 anos.

A banda soube mesclar seus principais sucessos com outros clássicos do rock brasileiro dos anos 80 — como “Sonífera Ilha”, dos Titãs, e “Óculos”, dos Paralamas — e também contou com a participação especial de George Israel (Kid Abelha) no sax e vocal.

No final do show, alguns amigos me perguntaram se eu tinha gostado da apresentação, e minha resposta foi “lógico que sim, pois show bom é o que deixa as pessoas felizes!”. Um bom show é aquele que faz as pessoas saírem mais felizes do que quando chegaram, e isso a Blitz ainda faz muito bem!

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