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Festas juninas e a preservação cultural
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As festas juninas são celebrações culturais assentadas na tradição européia, sobretudo dos países cristãos; elas marcam o início da colheita na roça, portanto os que as organizavam, tanto na Europa, quanto nos paises colonizados por europeus tinham motivos para festejar. No Brasil o resultado do plantio denunciava a mesa farta na casa do agricultor, além, é claro, da abundância advinda com o trabalho de venda e revenda dos produtos que vinha da benção da terra. Essas festas foram trazidas para o Brasil e aqui se proliferaram de Norte a Sul – e merecem ser preservadas para que as futuras gerações percebam que a fartura na mesa é resultado do trabalho de muitos, sobretudo da gente simples que mora na roça e levanta cedo para dar curso à vida de todos.

Sérgio Bastos
A quadrilha de S.João é uma exemplar tradição cultural assimilada de Norte a Sul no Brasil

Quem não conserva boa lembrança das festas juninas trate de mudar de página, porque hoje quero puxar conversa sobre a tradição dessas festas nas regiões brasileiras e da alegria que elas traziam aos que, mesmo residindo nas capitais encontravam nos dias alegres do mês de junho a celebração festiva. Para animar a leitura faço um convite ao leitor: clique aqui e relembre a quadrilha, espécie de dança muito alegre, que o meu amigo Sérgio Bastos e equipe recupera em divertida animação.

Cada região brasileira mantém a sua peculiaridade e expressa as diferenças nas tradições das festas juninas. No Nordeste e Norte há o animado forró, programado para acontecer nas ruas ou espaços previamente agendados para este fim. Nesses eventos entram as quadrilhas profissionais que garantem a manutenção da tradição, outrora espontânea e marcada muitas vezes pelo improviso.

Eu já moro em Curitiba desde 1992 e não fui, infelizmente, a nenhuma festa junina do jeito como estava acostumada, quando ainda morava em Belém, exceto as que são celebradas nas escolas, mas lamento concordar com a leitora Luciana Mallon( ela enviou um e-mail a esta professora comentando sobre o assunto), pois com raras exceções, o objetivo dessas festas esconde a ganância pela arrecadação financeira às custas do esforço dos escolares e seus familiares em vender votos, arrecadar prendas, vender as guloseimas. Tenho evidentemente boas experiências vivenciadas no Colégio Positivo Júnior, situado aqui nas Mercês e na Escola Palmares, no Campo Comprido – e se o leitor conhece alguma instituição escolar que vise arrecadar um montante financeiro para fins de ajuda solidária, por favor, compartilhe essa experiência.

Exemplos infelizes – Lamentavelmente são as escolas particulares, as campeãs no propósito de angariar dinheiro e com aplicação duvidosa; minha filha estudou em uma dessas e a turma da 5ª série conseguiu o maior valor na arrecadação da pescaria, venda de votos e todos aqueles alegres pretextos que mobilizam as crianças à participação junina. O prêmio anunciado era uma viagem, mas as crianças esperaram meses seguidos pela recompensa e ao final tiveram uma Noite do Pijama, vivida apressadamente, no último dia do semestre letivo, no prédio do próprio colégio. Uma perfeita lição de como uma administração escolar também é pródiga em enganar crianças.

Antonio Costa - Arquivo Gazeta do Povo
As iguarias das festas juninas: simples delícias!

Resta, entretanto, a disseminação das tradições juninas e dessas não há quem não goste ou recorde, não é mesmo? Minha colega de portal a Nadia Shiavinatto, do Conversa Temperada já ofereceu o aviso geral e nós ficamos aqui olhando as gostosuras fotografadas em imagem de arquivo pelo Antonio Costa, não é mesmo, prezado leitor?

Eu faço aniversário na próxima segunda-feira e já estou com tudo pronto para ir à cozinha e preparar um vatapá para incrementar o almoço e um munguzá (aqui conhecido como canjica) para saborear à noitinha, além de um bolo de macaxeira regado a coco ralado e erva-doce para tomar com café, logo pela manhã. Quando eu morava em Belém e ainda tinha meus pais e irmãos todos juntos em casa, a data não passava em branco; para matar a saudade da afetuosa convivência familiar e celebrar a beleza da existência mantenho a tradição. Celebrar a vida já vivida é um propósito do qual não abro mão, mesmo que o mundo todo diga o contrário.

Quer escrever um pouco sobre o tema?

Proposta 1 – Você tem alguma boa lembrança das festas juninas? Compartilhe-a conosco em breve narrativa.

Proposta 2 – Você recomenda algum lugar, mesmo com entrada paga, que mereça a visita dos que ainda desejam recuperar as tradições juninas?

Proposta 3 – Quais as guloseimas que mais evocam em você a vontade de participar de uma festa junina?

Nossas crianças e jovens podem aprender muito com a compreensão e preservação das tradições culturais ainda vigentes no Brasil; dos aspectos folclóricos à gastronomia ou do aproveitamento temático à disseminação da solidariedade, assim como com relação aos cuidados necessários para a diversão ser garantida, mas é preciso que adultos equilibrados e bem intencionados intermediem com entusiasmo essas tradições culturais, caso contrário elas não passarão de pretextos para encurtar o calendário escolar entre outros bem mais infelizes.

Até a próxima!

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