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Por que lêem e escrevem tão mal os nossos estudantes?
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Que leiam e escrevam bem é o desejo dos pais, quando matriculam uma criança ou um jovem na escola- e para levar esses desejos adiante a luta é de todos os pais e professores . O domínio espetacular dessas habilidades faz com que uma quantidade informativa advinda pelo conhecimento chegue naturalmente; a Matemática, a Geografia, a História, a Física, a Química, as Artes e todas as informações de conteúdo escolar básico e imprescindível atravessam o portal da escola com trânsito fácil, porque há desobstrução dos entraves, uma vez que a leitura e a escrita prepararam o caminho, desde os primeiros contatos com a decodificação e a escrita dos símbolos da nossa cultura.

Arquivo pessoal / Encontro Marcados com a Redação / 2008
A receita infalível para escrever bem: variedade de leituras e regularidade na escrita

Eu não tenho qualquer dúvida; para obter sucesso com os alunos e oferecer condições de crédito aos que nela depositaram confiança a escola deve mobilizar seriamente todos os seus recursos humanos e materiais no desenvolvimento da leitura e da escrita. Não é possível que a passagem das crianças e jovens por 11 anos na instituição não possa lhes dar o engate necessário ao desenvolvimento básico da leitura e da escrita em língua nacional. Eu sempre reúno algumas perguntas quando, a cada semestre, recebo grupos de jovens vestibulandos para melhorar a compreensão e a produção de textos em língua portuguesa. Você quer saber quais? Acompanhe.

> Por que um jovem concluinte do ensino médio ou egresso dele precisa de um curso de redação?

> Por que, à revelia de todo desenvolvimento tecnológico, cabe à compreensão e produção de textos à mão a seleção dos que obterão uma vaga nas universidades, especialmente as públicas bem concorridas?

> Por que a redação é a espinha dorsal dos vestibulares concorridos?

> Por que esses jovens não aprenderam a ler e a escrever bem enquanto estavam na escola básica, local e época da consolidação das habilidades necessárias?

Sem falsa modéstia, eu tenho todas as respostas, pois além de lidar com crianças, jovens e adultos há muitas décadas, estudei com apaixonada dedicação a metodologia da leitura e da escrita e faço inferências conceituais e práticas no assunto continuadamente. Sou uma professora pesquisadora, cheia de inquirições sobre a prática escolar com a leitura e a escrita. Eu sei dos porquês das dificuldades dos alunos com relação à compreensão / produção dos textos, mas a maioria dos professores sabe e os pais dos alunos também: elas estão no pouco caso que TODOS oferecemos ao LER e ao ESCREVER em língua portuguesa; pais concessivos e “bonzinhos” e professores despreparados, negligentes e irresponsáveis com o andamento justo de todas as disciplinas são os primeiros a desautorizar a constância e a cobrança de leitura e produção de textos bem elaborados; além disso, os mediadores não reúnem formação suficiente com relação às técnicas da leitura e escrita.

E para melhorar a situação e alcançar êxito? A mobilização de todos em favor da leitura e da escrita ; ela começará em casa (no contato da criança com os livros de pano ou impressos e nas incursões pela escrita com giz de cera, lápis, lousas de brincadeira ou mesmo na tela do computador) e se fortalecerá na escola com um ambiente de efervescente leitura( bibliotecas, gibitecas, etc) com o manuseio dos jornais e revistas, com o incentivo diário à escrita em cadernos, com as solicitações constantes de resumos, de redações e relatórios de estudo, com pesquisa em livros ou na internet, mas nada disso surtirá efeito se os mediadores das habilidades de ler e escrever não assumirmos as nossas funções com a competência necessária , o rigor imprescindível, a disciplina regular e entusiasmo que vivifica todas as atividades escolares.

O papel da formação docente

Pense comigo meu prezado leitor : qual é a escola que durante os trâmites de contratação de um professor lhe faz inquirições dos seus hábitos de leitura e escrita? Qual é a escola que acompanha as necessidades de um acervo de livros, de revistas e jornais para que seus alunos possam, em fim, dispor de apoio variado e fértil à informação? Qual a escola que revê, no final do ano, os cadernos de seus alunos e se dá conta que a maioria das folhas permanece em branco? Qual a escola que incentiva a escrita e dá destaque à produção de textos em rodadas inter-classes ou que festeja e incentiva a produção de pequenos, médios e extensos textos com calculada regularidade?


Formação constante é obrigatória

Educação é um produto de altíssimo nível, exige elaboração cuidadosa que demanda anos de preparação, mas quem olha a educação como um produto de altíssimo nível? O governo? A família? A escola? Enquanto cada um de nós, a seu modo e condição, não nos conscientizarmos do imprescindível valor da educação a leitura e a escrita continuarão relegadas ao limbo. Saudamos, gostamos de considerar as pessoas bem educadas, que lêem e escrevem bem, mas nossos equívocos começam aí, apenas gostamos, mas não movemos um dedo para exigir a manutenção das práticas de qualidade dessas habilidades. Aceitamos textos mal escritos, nos contentamos com frases incompletas e confusas e em nome da comunicação concordamos com um vale-tudo, não é assim meu prezado leitor? Possibilitar melhores condições de estudo e aprimoramento da leitura e da escrita às crianças e jovens escolares brasileiros é um sonho, infelizmente pouco sonhado pelos que têm a faca e o queijo nas mãos para torná-lo uma realidade.

A escola brasileira requer: formação docente qualificada, condições materiais adequadas e remuneração justa aos seus mediadores, mas também o incômodo de todos nós. Quem se incomoda com as enfermidades geradas pela escola? Sem saber ler e escrever bem em língua portuguesa nenhuma criança ou jovem entenderá a sua permanência na escola como o degrau necessário à vivência exitosa na sociedade. Estarei equivocada?

Sugestões de escrita

Proposta 1– Examine o excerto da crônica Mil fotos e poucas recordações, de Marleth Silva (GP, Pontos de vista, 1º / 11 / 2008, p. 3) e redija um texto comparando o hábito contemporâneo de fazer fotos digitalizadas, não imprimi-las e apenas guardar no arquivo do computador com o de escrever apenas no computador e relegar a escrita à mão das redações apenas diante da preparação aos vestibulares concorridos; limite-se a 12 linhas.

” Caixas semelhantes e álbuns devem ter existido na maioria dos lares da classe média brasileira. Um dia, as fotos seriam divididas entre os herdeiros para contar histórias para pelo menos a mais uma geração. Lembrei da caixa ao passar, há alguns dias, por um local onde havia uma reunião festiva de servidores públicos. Eles faziam tantas fotos com suas câmeras digitais e celulares que parecia que alguma celebridade passava por ali. Me pergunto o que terão feito com as imagens captadas naquela noite. Gravaram com cuidado em um suporte mais seguro, como o CD? Imprimiram em papel fotográfico e fixaram nas páginas de álbum usando aquelas cantoneiras pretas? Ou as imagens continuam lá, na câmera e no celular? E se o ladrão levar a câmera? E se o celular for perdido? A caixa dentro do guarda-roupa era mais segura.

Fotografia virou coisa banal — todo mundo, toda hora pode ser fotografado. Um bebezinho curitibano de dois anos de idade deve ter sido mais fotografado que Greta Garbo, em toda sua infinita beleza, enquanto era a rainha absoluta do cinema. Tenho pena dos padrinhos do bebezinho que, em vez de folhear um álbum de 20 páginas, serão convidados a ver na tela do computador ou da tevê as 673,5 fotos que os pais corujas “selecionaram”.

É cedo para saber o que vai ser feito com tanta imagem digital. Se serão preservadas e identificadas ou se não resistirão mais que uma geração. A abundância nos torna preguiçosos e desleixados — as imagens vão se acumulando, sem identificação, num limbo digital. Convenhamos, era muito fácil anotar atrás da foto em papel a data e o local. Às vezes, as pessoas faziam dedicatórias que também explicavam a relação entre o sujeito da foto e aquele que a guardou. Coisa do tipo: “Para a madrinha Henriette, com o respeito de seu afilhado Januário”.

Observação : clique aqui se desejar ler o texto na íntegra.

Proposta 2– É fato que durante a prova de Compreensão e Produção de Textos a falta de atendimento às exigências das propostas das questões discursivas, o desconhecimento das estruturas ajustadas ao modelo solicitado e a inabilidade com o uso dos recursos textuais concorrem à frustração dos candidatos aos vestibulares. Redija um texto descrevendo uma situação real ou imaginária, de incentivo à leitura; dê um título ao seu texto e não exceda as 10 linhas.

Proposta 3 – Sintetize em um texto as informações constantes no gráfico ” Formação constante é obrigatória ” (Arquivo Gazeta do Povo ); limite-se a 8 linhas.

Até a próxima! Um excelente final de semana a todos!

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