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O dia do meu não casamento
| Foto:
Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Alerta! Spoiler, spoiler! Se você está de casamento marcado e é ultrassensível, evite ler este post, que pode deixá-la com uma tensão desnecessária. Todos nós conhecemos a instável alma da noiva… O fato é que em algum momento precisávamos explicar o sumiço da Noiva Prática, atual ex-Noiva Prática… pois é, infelizmente o casamento marcado para este mês não aconteceu. Se tiver estômago, acompanhe abaixo a garra com que ela passou por esse dia tão esperado. E bom fim de semana!

“Eram 17 horas e eu estava aguardando por ele com aquele friozinho na barriga… há três meses, eu havia programado para esta data, 1º de maio, o meu casamento. Neste horário, o plano era que os amigos, parentes e o noivo estivessem me esperando, mas agora eu estava na fila do cinema que, devido ao feriado, era enorme. Havia marcado um encontro às escuras com alguém que conheci pelo Facebook e estava esperando pelo moço desconhecido.

Ele apareceu. Pessoa interessante, não era um garoto malhado de rostinho bonito. Era simplesmente um homem, de barba, jeans, camiseta preta com jaqueta de couro e tênis. Look perfeito para a ocasião e compatível com a idade dele: excelente primeira impressão. Conversamos um pouco e eu, que estava receosa por este encontro, me senti à vontade. Um perfeito cavalheiro que comprou os ingressos do cinema 3D. Uau… não me lembro há quanto tempo não recebia uma gentileza dessas!

Não cabe aqui contar o fim do meu relacionamento com o meu ex-noivo, que é história antiga, mas sim como conheci o Carlos e recebi o convite para o cinema. Então, melhor retornar a história para a sua ordem cronológica, desde o início do feriado.

Eu estava superpreocupada com o feriado de 1º de maio. Um mês antes, estava verificando com todas as minhas amigas quem iria viajar; até procurei uns pacotes em agência. Mas percebi que viajar sozinha ia ser deprimente e, diante ao fato de eu estar comprando um novo imóvel e começando uma nova vida, não poderia me dar ao luxo de gastar com uma viagem cara. Então resolvi esperar.

Também fazia algumas semanas que alguém, não lembro quem, me sugeriu um aplicativo do Facebook para conhecer pessoas. Odeio esses aplicativos, mas resolvi me arriscar. Resultado: odiei! Tentei até conversar com algumas pessoas, mas não deu certo. Porém, encontrei quatro rapazes que insistiram em conversar comigo e para quem passei o meu MSN. Desses, três me adicionaram.

Então, há algumas semanas, duas amigas com quem fiz pós-graduação há muito tempo me convidaram para ir a Tibagi, uma cidade com muitos atrativos de ecoturismo. Um programa perfeito: turma animada, cidade a 200 km para encarar numa viagem de carro sem muito gasto, rafting + trilhas + rapel acompanhados de uma linda paisagem. Programa perfeito que em nada lembraria o meu ex, já que ele não era o tipo “aventureiro”. O detalhe é que voltaríamos na segunda-feira, dia 30 de abril. Ou seja… ainda precisaria de um programa para o dia seguinte.

Já havia conversado com umas amigas e com a família antes da viagem e todos se comprometeram em planejar algum churrasco, almoço ou qualquer coisa animada para eu não ficar em casa no dia 1.º de maio, então não me preocupei e fui viajar.

A viagem foi incrível, em alguns momentos pensei em como o meu ex-noivo curtiria ver aquelas paisagens, mas em outras lembrei do quanto ele ia reclamar dos probleminhas. A saudade bateu… mas junto com ela veio uma certeza: a companhia das meninas era mais divertida!

Na segunda, cheguei exausta e fui dar uma volta. No trajeto, uma ou duas lágrimas podem ter escorrido por baixo dos óculos de sol… À noite, algumas amigas haviam programado um jantar justamente para eu “esquecer” o dia seguinte. Outras amigas também me convidaram para a balada, para eu aproveitar o feriado, “encher a cara” na segunda e ficar na cama dormindo e de ressaca na terça, mas o frio me impediu e contentei-me com o jantar.

Acordei super tarde na terça-feira, dia 1º de maio, e olhei para o céu: azul! Lindo! Sim, isso me deu raiva. Eu pedi a Deus para que esse dia fosse cinza de raios e trovões, para que eu ficasse em casa debaixo das cobertas chorando à vontade e grata por não me casar neste dia, mas Ele quis me dar este dia lindo, apesar de frio, eu não consegui ficar na cama… despertei e fui para o computador atualizar umas fotos da viagem e ler os e-mails e posts do facebook do final de semana.

Liguei para as minhas amigas e todas estavam com preguiça, mas com carinho sempre me respondiam coisas como: “Estou super cansada, bebi demais ontem, mas posso ir ao cinema se você quiser”. “Amiga, não estou a fim de sair para almoçar, mas sei que este dia é difícil para você, se quiser pode vir aqui em casa almoçar comigo”. “Tenho um compromisso agora, mas podemos marcar uma janta hoje para você não ficar em casa”. Sei que, se eu chorasse um pouquinho, todas elas ficariam comigo no dia do meu não-casamento, mas não quis abusar, até porque sair com apenas uma amiga me faria falar e falar do ex. Não… eu queria fugir exatamente disso!

Almocei com a minha mãe, mas a tarde começou e eu estava inquieta novamente: sem compromissos, um frio e um céu que me dizia “NÃO FIQUE EM CASA”. Voltei ao velho computador, nenhuma novidade até que o Carlos, o tal desconhecido adicionado no meu MSN estava on-line e resolvi perguntar o que ele estava fazendo. Ele disse que ainda estava embaixo dos cobertores e eu respondi que não conseguia ficar dormindo até aquela hora, que até tinha pensado num cinema, mas que provavelmente todos estariam lotados. Ele respondeu “que pena!” e eu perguntei porque, e ele disse que queria me convidar para o cinema. Bom, nesse ponto eu respondi que topava encarar uma fila se tivesse companhia. Assim marcamos de nos encontrarmos às 17h para conversarmos e assistirmos uma sessão às 19:10! Perfeito… posso dizer que Deus colocou mais um dos seus anjos em meu caminho para ocupar a minha tarde. E lá fui eu.

O encontro com o Carlos já mencionei no inicio deste texto. Depois de mais de uma hora de fila e ingressos comprados fomos tomar uma cerveja e petiscar alguma coisa aguardando a sessão. Gostei do papo, do fato de ele ter bom gosto musical e curtir cinema e seriado. Não gostei de ele fumar muito e não entender nada sobre vinhos. Como eu gosto de um bom vinho, descobri que será melhor pedir uma Coca-cola se um dia sairmos para jantar!

A noite foi ótima, terminei o dia bem, acordei na quarta feira um pouco mais animada. Encerrou-se um ciclo e começa um novo dia, que com certeza não está sendo fácil, mas me orgulho da minha resiliência e das pessoas que Deus tem colocado no meu caminho durante este percurso de pedras. Abro um sorriso maior quando recebo uma mensagem na hora do almoço informando que o Carlos gostou da minha companhia! Assim… a minha vida continua.

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