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Eu já afirmei que, se não conseguimos sequer dirigir sem nos entregar a instintos agressivos e sem usar os veículos como se fossem armas, não me parece uma boa ideia soltar armas de verdade na mão de qualquer ser humano. Carros não foram criados para matar e ainda assim o fazem. O que dizer de uma pistola, cujo único objetivo é ferir com gravidade não poucas vezes fatal?

Nem mesmo muitos policiais – que em tese deveriam estar preparados para usar essa ferramenta letal – parecem ter capacidade ou mesmo maturidade para portá-las.

O assassinato de uma menina de oito anos por um menino de 11, nos EUA, desperta mais uma vez os ânimos daqueles que são favoráveis e dos que são contrários à posse de armas de fogo por cidadãos comuns. O motivo do assassinato: ela não permitiu que ele visse seu cãozinho. A arma: uma escopeta que pertencia ao pai da criança.

Mas uma troca de comentários relatada pelo leitor Marcelo mostra o quanto a sanha pela justiça com as próprias mãos pode ser uma fagulha a mais nessa fogueira:

Alessandro, já comentei mas tive que voltar para compartilhar um caso: Estava eu acompanhando uma matéria em um outro jornal online sobre um menino de 11 anos que atirou na vizinha de 8 pq ela não quis que ele visse o cachorro dela, nos EUA. Matou-a. Nos comentários aparece-me um senhor falando que, se fosse a filha “mataria o moleque sem pensar duas vezes. Antes forçaria ele a comer o próprio pinto!” Questionei, fui acusado de defender assassino. Aí disse para o nobre que ele era um assassino em potencial, ele falou que todos somos e eu era hipócrita de não assumir.

Foi quando falei que o hipócrita era ele,por não assumir a baixeza de achar justo cometer um assassinato de uma criança de 11 anos e ver nisso justiça. Aí veio a grande resposta que aqui me trás: “Hipocrita é você que se nega a admitir que não faria nada caso fosse com sua filha. Disse e repito, se fosse com minha filha eu me vingaria com requintes de crueldade. Se minha maneira de me sentir satisfeito com a justiça pra você que é um covarde que certamente esperaria que alguem resolvesse por você, não lhe convém, é apenas mais uma prova de você é um hipócrita. Vire homem e tome peito para proteger e reparar os danos causados a sua familia.”

Lembrei do seu texto na hora. É incrível o estereótipo de ser homem, defender a família, não ser covarde, é forte. Faz parte desse papel inclusive matar uma criança de 11 anos, caso essa criança tenha matado sua filha (pq nessa lógica o menino sabia das consequências). É assustador que, nesse estereótipo, ser um assassino justiceiro é louvável para proteger a família. Enfim, fica essa história (que talvez não tenha nada a ver) como desabafo. Não sou homem.

O texto a que Marcelo se refere é este em que questiono o absurdo e a impossibilidade de cumprir as cobranças do “papel” de homem, monstrando que o “homem” é algo que não existe.

Essa pessoa com quem Marcelo debateu, creio, é representante de uma parcela não pouco numerosa que pensa de maneira similar.

Mas, continuando no tema das armas, é óbvio que, se estamos tomados por emoção – sobretudo quando um parente ou nosso está envolvido – tendemos a tentar resolver as coisas de maneira emocional. Alguns mais, alguns menos. Não espero que uma pessoa normal aja com racionalidade se lhe tomam ou matam um filho. Se ela estiver armada, a matemática do pode acontecer é muito simples.

Com vizinhos assim, armados, o mundo não me parece mais seguro, mas menos.

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