Alices através do espelho!

• 0

Saudações!

Era meu dia de caminhada no parque. Caminhei um pouco as margens do Lago Verde e resolvi sentar-me por ali para apreciar a paisagem.

Aquele sol de meia tarde refletido nas águas levemente dançantes, movidas pela brisa suave que cantarolava por lá me convenceram a abdicar da caminhada.

Depois de certo tempo um brilho ao longe me chamou a atenção. Apurei o olhar e me deparei com uma cena singela. Um passarinho se olhava em um gracioso espelho que estava delicadamente amparado numa árvore.

Ora ele chegava bem perto, ora se afastava. Ora parecia encantado com sua própria visão, ora amedrontado pelo regorjeado tão similar ao seu.

O tempo parou… Ou pelo menos foi esta a sensação que tive. Não sei quanto tempo fiquei observando aquela graciosa descoberta do passarinho.

Ao sentir aquele toque suave no meu ombro, confesso que me assustei.

Era uma bela mulher, em trajes de fada, que segurando uma caixa numa mão e uma varinha na outra, sorria com os lábios e com o olhar.

Pus-me de pé num salto e cocei os olhos. Quem sabe aquilo não era efeito do sol na minha cabeça?

Ela fez sinal para que eu sentasse novamente e sentou-se ao meu lado.

Rompendo o silêncio, dirigiu-se a mim pelo nome: — Querida Dani! Que carinha de susto é esta? Não está me reconhecendo? Sou sua fada madrinha, sua velha conhecida!

Eu maneei a cabeça para os lados, numa negativa de reconhecimento. Ela não se fez de rogada. Encostou a varinha na minha cabeça e as lembranças vieram em flashes rápidos, quase alucinantes! Ela era a minha amiga invisível e minha companheira de chá da bonecas. Foi minha aluna de faz de conta e segurou minha mão nas noites em que os monstros saiam do armário. Ela contou pro Papai Noel sobre a boneca que eu queria ganhar e consolou-me quando minha mãe brigou comigo por uma travessura infantil.

Abracei-a fortemente e pedi perdão por tê-la esquecido. Ela me abraçou de volta e riu. Disse que eu não havia esquecido e sim que chamava por outros títulos como anjo da guarda e mentora espiritual.

Ainda quis rebater, dizendo que as lembranças foram provocadas pelo toque da varinha, mas ela redarguiu-me, alegando que tudo estava no meu coração. Que a varinha fora apenas um “estímulo”.

Sorrindo, colocou um pacote lindo no meu colo e um mavioso envelope. Deu-me um beijo na testa e disse que precisaria sair a francesa. Abraçou-se a uma árvore, sorriu de novo e como veio, foi.

Crédito: Gislaine Bueno

Olhei ao redor, não vi nem ela, nem o passarinho, nem ninguém. Juro que se eu não tivesse a caixa e envelope no colo, acharia que tudo havia sido um sonho…

O envelope dizia: Um convite à Dani!

Abri sem demora e a carta que ele continha, iniciava-se assim:

Querida Dani,

Como se encantou com as descobertas do passarinho, vou te contar um pouco do que se passou entre ele e ele mesmo, refletido no espelho.

Nos pensamentos dele, assim as ideias foram ecoando:

Quem é esse estranho que me olha no espelho?

Quem é o dono desse olhar denso e profundo, querendo desnudar minha alma e escancarar meus segredos? Quem é essa figura, capaz de ler meus olhos e olhares?
Ele me olha, espia-me… É há uma indagação em seu olhar… será que ele quer saber se ainda sonho? 
Será que ele consegue enxergar aquela porta fechada que bati no  Hall de entrada do coração? 
Será ele esperto para ver que ainda existem janelas que ao vento, tremulam cortinas e esperas?
Sei não…
Se ele continuar me olhando assim, quem sabe eu abra a porta… 
Ele me provoca com este olhar e faz-me sentir vontade de conhecê-lo melhor…
Esses mistérios me encantam e provocam…
O medo aconselha prudência…
A alma recomenda entrega…
Não sei…
Essa hesitação entre ir ou ficar paralisa. Isso é viver entre as escolhas e angústias das não escolhas. Eis a armadilha da vida: viver o conhecido desejando o desconhecido. É possível fugir? Sei não…
Eu sempre desejei asas e hoje tenho consciência do medo de voar…
Será que este doido veio para me jogar no abismo, pensando que assim vou acreditar no vôo?
Eu recuo… Ele também…
Sinto-me mais segura, mas agora incompleta pela distância entre nós…
Terei experimentado o amor à primeira vista? Ou foi uma paixão pueril?
Sei que ele já está em mim e me faz falta.
Eu o quero e o rejeito…
Será uma sina só minha a dualidade?
Sei não…

Acredito que você esteja pronta para se encontrar com a Dani e fazer suas próprias reflexões e descobertas. A caixa contém um lindo espelho de presente, para que inicie essa caminhada.

Como sua fada madrinha e fiel admiradora, desejo que trilhe a estrada do autoconhecimento com suavidade e bravura, com determinação e foco, com alegria e esperança.

Durante esta viagem, você será premiada com a mais poderosa magia que toda mulher pode receber do universo: a autoestima. Não aquela fútil, construída da ilusão de um manequim pp ou de consumo, nem de orgulho por cargos e promoções, mas a verdadeira, alicerçada no autoconhecimento.

Os pensamentos do passarinho podem orientar seus primeiros movimentos e reflexões, depois será você por você mesma.

Você atravessará jardins enfeitado de flores e borboletas e um grande deserto, sombrio e assustador, mas assim (e só assim), encontrará o seu oásis e lugar no Universo, conforme a vontade e sonho do Grande Arquiteto do Universo.

A caminhada é individual, mas estarei do lado de dentro do seu coração, torcendo muito por você e sendo sua consciência quando assim o desejar.

Crie coragem, respire fundo e encare o espelho!

Inicie a maior e mais significativa jornada de sua vida!

Você pode! Você consegue!

Com amor,

Sua Fada Madrinha

Abracei a carta e senti muita gratidão pelo presente, amor por ela e medo pelo desconhecido.

Chega de mais ou menos, de morno, de máscaras e esperas! Resolvi encarar a mim mesma através do espelho, certa que o relógio da vida não erra o momento dos grandes acontecimentos e buscando a magia pela qual eu lutei a vida inteira.

Crédito: Sergio Medina Roman

Sinta-se convidada também para embarcar nessa aventura Alice! A carta é para cada uma de nós! Corra e encontre seu espelho!

Um abração,

Dani

História baseada em fatos reais e irreais! 😉