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AS VÁRIAS FACES DA ACNE
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A acne é uma doença inflamatória sistêmica e crônica, que pode ocorrer em praticamente todas as pessoas, de quase qualquer idade. Ela não só desfigura o rosto e o corpo, como também pode marcar de modo profundo e permanente a auto-estima da pessoa.

O maior número de casos é visto na puberdade, e depois essa incidência diminui. A adolescência é um período de muitas mudanças no organismo, físicas e psíquicas, e é uma das fases da vida em que a aparência é muito importante. Então, o comprometimento estético determinado pelas lesões da acne e suas sequelas pode tornar o adolescente inseguro, tímido, deprimido, infeliz, com rebaixamento da autoestima e com consequências sérias que podem persistir pelo resto da vida.

E porque ela aparece na puberdade? A resposta é: por causa dos hormônios. A atividade hormonal, como o ciclo menstrual e a puberdade, podem contribuir para a formação de acne. Durante a puberdade, o aumento dos hormônios sexuais, denominados andrógenos, provoca o crescimento das glândulas foliculares, fazendo com que produzam maior quantidade de sebo. Durante a gravidez verifica-se um aumento semelhante de andrógenos, aumentando também a produção de sebo.

Existem vários hormônios que têm sido associados à acne: testosterona, di-hidrotestosterona (DHT) e desidroepiandrosterona (DHEAS), assim como o fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-I) e hormônio do crescimento. O uso de esteróides anabolizantes pode ter ação idêntica.

É pouco comum o desenvolvimento de acne entre os 21 e 25 anos de idade. O acne em mulheres adultas pode ser devido à gravidez ou à síndrome do ovário policístico.

Por várias razões, esse sebo começa o processo de hiperceratose (aumento da velocidade de produção e morte do número de células) e conseqüente obstrução do orifício do folículo piloso.

Há uma esfoliação insuficiente, e o óleo secretado pelas glândulas sebáceas não dá conta de levar as células escamadas para a superfície. Assim, permanecem no interior do folículo, onde formam uma massa pegajosa que, em pouco tempo é contaminada por uma bactéria chamada Propionibacterium acnes, levando a uma rápida inflamação dentro do folículo e pele circundante.

.Nesse ponto ele, pequeno, ainda não pode ser visto a olho nu, e se chama microcomedão fechado (“cravo branco”). Se o comedão abrir e o óleo oxidar em contato com o ar teremos um comedão aberto (“cravo preto”). Se esta lesão drenou para a superfície, será resolvida. Mas, se continuar fechado e a inflamação progredir, os comedões se transformam em lesões maiores, as espinhas.

A acne acomete mais frequentemente a face, mas também pode ocorrer nas costas, ombros e peito, e, embora a pele oleosa possa exacerbar a acne, não é a sua causa. Isso pode ser evidenciado ao avaliarmos descendentes afroamericanos, os quais possuem pele tipicamente rica em glândulas sebáceas (produtoras de óleo) mas com muito menos problemas de acne que outros grupos étnicos.

Esta patologia deve ser tratada o mais precocemente possível. Não se deve tomar a postura de não se preocupar e não tratar a acne por ser considerada “própria da idade”, “de desaparecimento espontâneo com o tempo” ou “de não ser doença”. O controle dessa doença é recomendável não só por razões estéticas, como também para preservar a saúde da pele e a saúde psíquica, além de prevenir cicatrizes (marcas da acne) tão difíceis de corrigir na idade adulta.

Noções e recomendações essenciais para o controle da acne:

1.pode ocorrer piora relacionada ao estresse, período menstrual, certos medicamentos como os corticóides, exposição exagerada ao sol, contato com óleos, graxas ou produtos gordurosos, época do ano (pode piorar no inverno) e, principalmente, ao hábito de mexer nas lesões (“espremer cravos e espinhas”).

2. a acne não é contagiosa e não se relaciona à “sujeira” da pele ou do sangue.

3. higiene adequada da pele com um sabonete ou produto de limpeza indicado são fundamentais, mas a limpeza excessiva irrita a pele e pode piorar a acne.

4.a acne não se relaciona diretamente com a alimentação, embora fatores dietéticos, incluindo ingestão excessiva de produtos lácteos e alimentos ricos em carboidratos – como pães, biscoitos e batatas fritas – pode desencadear acne.

5.a acne pode melhorar após a exposição ao sol, porém essa melhora é apenas temporária e a exposição exagerada acarreta piora do quadro.

6.a pessoa com acne não deve em nenhuma hipótese manipular (“cutucar, espremer”) as lesões, pois isso pode levar à infecção, inflamação e cicatrizes.

A acne pode ser irritada ou agravada por:

– Estresse

– Tocar muito no rosto

– Suor excessivo

– Deixar o cabelo em contato com a pele, o que pode deixar a pele mais oleosa

– Trabalhando com óleos e produtos químicos regularmente

– Atletas ou fisiculturistas que tomam esteroides anabolizantes também estão em risco de agravar ou desenvolver acne.

O tratamento da acne inclui:

– Cremes tópicos de venda livre

– Cremes tópicos disponíveis com prescrição

– Antibióticos, que podem ser combinados com outros produtos tópicos ou orais

– Contraceptivos orais

– Isotretinoína oral

– Procedimentos complementares que ajudam no controle da acne: extração de “cravos”, drenagem de abscessos, infiltração com corticoides em lesões nodulares muito inflamadas ou em cicatrizes elevadas, peelings químicos, microdermabrasão, alguns tipos de laser e luzes. Orientação para não manipular as lesões e proteção solar, são dicas importantes.

Somente um médico pode dizer qual o tratamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento.

Vale deixar claro que a acne é uma doença que tem tratamento e que pode ser curada ou controlada. Isso leva tempo, não acontece da noite para o dia. O tratamento vai variar de acordo com a sua gravidade e localização e em função de características individuais, e que a melhor forma de se evitar as cicatrizes da acne é o seu tratamento adequado e o mais precoce possível.

Por Raquel Camargo

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