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Precisamos falar sobre AUTISMO
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Há 2 anos eu estava navegando pelo Facebook quando encontrei a página de uma mãe de um menino autista. Muito bem escrita, séria e cheia de relatos emocionantes, a história desta família chamou minha atenção para uma situação crescente: o diagnóstico de Autismo.

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No consultório, atendi este ano pela primeira vez um paciente com Autismo. Um menino doce de 6 anos de idade com lesões de molusco contagioso. O contato com ele teve que ser diferente, a voz baixa, a paciência para examinar a pele dentro do que foi possível.

Percebi que apesar de ser uma situação cada vez mais comum para nós Pediatras, ainda falamos pouco sobre Autismo.

Os números são alarmantes.

Em 1990, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano – CDC (sigla em inglês para Center of Disease Control and Prevention) revelou uma prevalência de 1 criança com TEA (transtorno do espectro autista) para cada 2.500.

Em 2006 este numero aumentou para, em média, 1 em cada 110 crianças americanas com 8 anos de idade que se encontram dentro do TEA.

Em 2012 falava-se em 1 a cada 88 crianças.

E os números de 2014 são mais assustadores: 1 a cada 68 crianças americanas tem TEA.

A realidade no Brasil infelizmente não é conhecida. O que sabemos são números estimados de que o nosso país tenha cerca de 2 milhões de pessoas com TEA.

É possível que este crescente aumento do número de diagnósticos esteja relacionado com o aumento dos estudos e do conhecimento sobre a doença.

Quanto mais cedo for o diagnostico mais cedo a criança se beneficiará do tratamento, que deve ser sempre multidisciplinar.

A fonoaudióloga Amanda de Castro Leite Gans estuda e trabalha no atendimento de muitas crianças com TEA e divide conosco orientações importantes.

Vocês sabem como identificar os sinais do Autismo em uma criança?

De acordo com o último Manual de Saúde Mental – DSM-5 o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno global do desenvolvimento que afeta:

Habilidades de interação social e comunicação verbal e não verbal;

Presença de comportamentos, interesses e atividades repetitivas e restritas (estereotipadas).

Hoje classificamos o Autismo em: leve, moderado e severo.

O AUTISMO É TRÊS A QUATRO VEZES MAIS FREQUENTE EM MENINOS DO QUE EM

MENINAS

Por se tratar de uma síndrome comportamental, ainda não existem exames para diagnosticar o Autismo. O diagnóstico é clínico, feito através de observação direta do comportamento e de uma boa entrevista com os pais ou responsáveis, por um médico Neuropediatra ou Psiquiatra Infantil.

Uma avaliação multidisciplinar (Fonoaudiólogo, Psicólogo, Médico), costuma ser muito mais eficaz e completa, pois os profissionais podem discutir em equipe os sinais observados e excluírem outros diagnósticos que algumas vezes podem se confundir ao TEA.

Os sintomas, costumam estar presentes antes dos 3 anos de idade, sendo possível realizar o diagnóstico precocemente por volta dos 18 meses de idade.

É verdade, que cada criança tem seu tempo de aprendizagem e desenvolvimento, mas as crianças com TEA já começam a demonstrar sinais nos primeiros meses de vida.

As famílias, muitas vezes, costumam percorrer um longo caminho até o diagnóstico, mesmo observando sinais óbvios em seus filhos, alguns médicos, talvez com menos experiência em TEA, acabam por orientar que os pais esperem para agir e dizem coisas como:

“- O problema do seu filho é falta de estímulo, coloca na escolinha”

“– Autismo? Vamos esperar mais, é muito cedo para falar em Autismo”

“– Mãe, você é ansiosa demais, meninos demoram mais para falar mesmo!”

O diagnóstico precoce faz toda a diferença para um bom prognóstico!

No caso de suspeita de Autismo fale com o Pediatra que acompanha seu filho, descreva os comportamentos, faça filmagens. Se o que mais chama a sua atenção é o atraso na linguagem, vale à pena marcar uma consulta com o Fonoaudiólogo, para que ele possa avaliar e orientar.

Mesmo que o médico não consiga fechar um diagnóstico naquele momento, é importante buscar terapias (Fonoaudiologia, Psicologia, Terapia Ocupacional, Psicopedagogia) que estimulem sua criança, e profissionais que orientem como lidar com os sinais e situações.

Na Universidade de São Paulo – USP – um projeto merece a nossa atenção: projeto A Fada do Dente. Um grupo de estudos com células tronco coletadas do dente de leite de crianças com Autismo na busca por encontrar repostas sobre o mecanismo deste transtorno.

Nenhuma mãe ou pai no mundo engravida pensando em ter um filho especial.

Porém, tão importante quanto ter um diagnóstico, é o que fazer com ele.

Lei, se informe, pergunte, busque outras opiniões, insista com o médico, converse com outros pais, faça parte de grupos de pais de crianças com Autismo.

Busque ajuda, não dê uma sentença para seu filho.

O Autismo ainda não tem cura, mas tem tratamento.

Vale à pena ler:

www.autismoerealidade.org

www.lagartavirapupa.com.br (este é o blog da Andréa, mãe do Theo, que me apresentou uma família com Autismo)

www.uppaautismo.org – União de Pais Pelo Autismo – UPPA

www.facebook.com/Projeto-a- Fada-do- Dente-448221875343959/

Por: Dra Juliana Loyola Presa (Pediatra) e Amanda de Castro Leite Gans (Fonoaudióloga)

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