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Fabiano Dalla Bona com Joy Perine no Zea Maïs. Incrível parceria de sabores sicilianos
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Fabiano Dalla Bona e Joy Perine

Fabiano Dalla Bona e Joy Perine juntos, na cozinha do Zea Maïs. Três noites de jantares mais que especiais. (Foto/ RPierrot)

 

Insalata di agrumi e aringa affumicata

Insalata di agrumi e aringa affumicata. (Foto/ Anacreon de Téos)

Carpaccio di manzo e insalatina di rucola.

Carpaccio di manzo e insalatina di rucola. (Foto/ Anacreon de Téos)

Spaghetti alla Norma

Spaghetti alla Norma. (Foto/ Anacreon de Téos)

Foi tudo tão ao acaso e cercado de coincidências, que o resultado só poderia ter sido o melhor possível. Um jantar irrepreensível, fruto da parceria entre a chef Joy Perine, titular do restaurante Zea Maïs, com Fabiano Dalla Bona, um paranaense que brilha lá fora na área de gastronomia e da academia.

Dalla Bona é chef, autor e professor de língua e literatura italiana na UFRJ. Aprendeu a falar italiano ainda criança em casa e herdou as receitas da avó, desenvolvendo todo seu conhecimento da gastronomia italiana no bom período em que morou por lá. Autor dos livros O céu na boca, Literatura e gastronomia: um casamento perfeito e Fama à mesa, andou recentemente pela Itália, mais especificamente pela Sicília, onde encontrou o velho amigo Ralf Sperka, que é um dos sócios do Zea Maïs.

Agnello al forno con patate dorate. (Foto/ Anacreon de Téos)

Admirador da obra do amigo, Sperka já havia presenteado Joy Perine com um dos livros de Dalla Bona e a chef simplesmente adorou. E nesse encontro da Itália veio o convite para que o ilustre paranaense voltasse a Curitiba para cozinhar em companhia da titular da cozinha do restaurante. E como a terra inspirou, o alvo foi um cardápio siciliano, que ele vê como “uma saborosa colcha de retalhos”, por conta das influências das cozinhas árabe, grega, francesa e espanhola.

Joe, que, coincidentemente, também estava com a família na Itália no mesmo período, aprovou de pronto a indicação e aí começaram as “negociações” para a efetivação do evento, que finalmente pôde ser apresentado aos clientes do restaurante. É o quarto da série, que começou em 2013 com Celso Freire (sócio e idealizador da cozinha da casa), depois teve Kika Marder (Sel e Sucre) e, no ano passado, Lênin Palhano (ex- C La Vie e Terra Madre e que está abrindo seu restaurante em hotel butique a qualquer momento).

Cannoli Sconstruiti

Cannoli Sconstruiti. (Foto/ Anacreon de Téos)

Granita al limone

Granita al limone. (Foto/ Anacreon de Téos)

São apenas três dias de menu especial, iniciado nessa terça-feira (03) e se estendendo até a quinta. Os clientes têm duas opções a escolher: dois pratos (entrada + prato principal ou prato principal + sobremesa) a R$ 108 e três pratos (entrada + prato principal + sobremesa) a R$ 128. E o cardápio oferece duas alternativas para cada um dos itens.

Curioso que sou, consegui convencer os dois chefs a me servirem todo o cardápio (em porções reduzidas, claro), para que pudesse ter uma ideia geral do que estava sendo apresentado. Apreciei item por item, ficou realmente sensacional e aconselho a quem ainda tiver jeito de arrumar a agenda que vá pelo menos nesse último dia.

A primeira entrada foi uma Insalata di agrumi e aringa affumicata, um prato colorido em forma se sol, compondo a acidez dos gomos de laranja (baiana), grapefruit e limão siciliano (este bem mais ácido, quase um susto) com o sabor do arenque defumado, o que deu muito certo, sobre algumas folhas.

A outra opção de entrada era um clássico, Carpaccio di manzo e insalatina di rucola, tudo na medida, sem exageros ou as tais “livres interpretações”. Se era pra ser um carpaccio, era um ótimo carpaccio.

O primeiro dos pratos principais era um Spaghetti alla Norma (no formato, mais para spaghettini) e me remeteu a tempos atrás, quando estava para ser inaugurada em Curitiba a “Casa Sicília”, com a proposta de oferecer produtos gastronômicos, artesanato e informações culturais da Sicília. Na ocasião, o siciliano Antonio Salvatore Alamia, o anfitrião dos workshops da missão comercial ExpoSicilia 2006, recebeu convidados com uma autêntica Pasta alla norma, que me traz o sabor à memória até hoje. Publiquei sobre o assunto na ocasião (veja aqui) e ele também me passou a receita (que está aqui). E agora, com Dalla Bona, acabo de ganhar outra referência sobre esse delicioso prato siciliano.

E de tudo o que estava bom de arrepiar, o campeão foi o segundo prato principal: Agnello al forno com patate dorate – uma paleta de cordeiro que se desmanchava ao toque do garfo e que havia sido marinada por um tempão. Servida com batatas assadas e aspargos de duas cores, tinha um sabor intrigante no molho que roubava toda a cena: anis estrelado. Divino!

Para sobremesa, primeiro Cannoli sconstruiti, que o nome mesmo já explica. O cannolo (cannoli é plural) é aquele doce saboroso em forma de canudo, que é o mais representativo da ilha da Sicilia. E o que tem recheio de ricota é o mais conhecido. Pois esse não veio em forma de canudo, foi desconstruído e reconstruído em forma que lembrava um pastelzinho. E no recheio, a ricota tradicional com um perfume de laranja e o crocante do pistache.

A outra sobremesa também tinha o mesmo sotaque, puramente siciliano: Granita al limone. A granita é quase uma raspadinha (mal comparando com o que temos aqui), semicongelada, feita com água, açúcar e frutas, principalmente as cítricas e as mais ácidas. Essa veio acompanhada de um bolinho e dentro de meia casca de limão (siciliano, é claro) curtido.

São momentos assim que fazem nossa vida melhor. O prazer de combinar bons pratos com bons vinhos (era um italiano, claro, na falta de siciliano um chianti) e aliar à boa companhia. E essa cumplicidade entre Joy Perine e Fabiano Dalla Bona não poderia ter apresentado resultado melhor.

 

Restaurante Zea Maïs

R. Barão do Rio Branco, 354 – Centro

Fone: (41) 3232-3988

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