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As férias passam,  o estilo fica
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Direito universal de quem dá duro no batente o ano todo – conquistado, diga-se de passagem, a custa de muito suor – as férias não dão férias para a moda. Afinal, basta escolher um destino para os dias de folga que já se começa a pensar no que colocar na mala. Trabalho extra para os estilistas, que lançam coleções de verão mirando também o consumidor que, evidentemente, não vai deixar em casa as novidades mostradas na passarela.

Afinal, não existe um “uniforme” para ser usado na época em que o relax comanda as ações – a menos que se vá para um SPA onde é obrigatório o uso do roupão com a logo da empresa bordado no bolsinho superior. Longe dos compromissos e das pressões da agenda, tudo o que se quer é esquecer a rotina do cotidiano – menos, é claro, os lançamentos em roupas e acessórios.

As temperaturas elevadas do verão proporcionam mais tempo ao ar livre e dão oportunidade para que os corpos fiquem mais expostos – liberados, enfim, dos protetores agasalhos, inevitáveis no outono e no inverno. Clima favorável que transforma a estação em musa inspiradora para profissionais da moda que conseguem captar emoções e comportamentos avivados, por exemplo, numa temporada de praia.

Divulgação
Oskar Metsvahat, criador do conceito da Osklen.

Oskar Metsavaht, o seu estar de bem com a vida reflete-se no conceito de sua marca.

Chanel, Emilio Pucci, os irmãos Azulay e Oskar Metsavaht foram fisgados pelos encantos das areias e do balanço das ondas. Ouviram o canto da sereia e transferiram para panos um jeito de vestir que virou mais do que um modismo de verão: consagrou-se como um estilo de vida.

Reprodução
Chanel sob o sol do verão no sul da França.

Chanel em sua vila na Côte D´Azur: roupas confortáveis podem ser elegantes.

CHANEL
Chanel foi uma revolucionária dos usos e costumes do seu tempo. Com a pele amorenada durante um cruzeiro, desembarcou em Paris e lançou o “bronzeado”, imagem, logo invejada, de quem era bem de vida e tinha condições financeiras para desfrutar de férias al mare. Também de períodos passados no litoral da Normandia ou nos veraneios de sua chique vila na Côte D´Azur, nos anos 30, resultaram roupas confortáveis e charmosas.

Chanel inspirou-se no que vestiam pescadores e marinheiros para criar calças largas, cintura alta, as famosas pantalonas, e outras peças leves em jérsei, que cortaram finalmente as “amarras” das repressoras vestimentas femininas. Aliás, foi na Normandia que Chanel abriu sua primeira loja impulsionada pelo que estava vendo e sentindo numa temporada de praia.

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Motivos geométricos e coloridos, assinados por Pucci.

A história da moda reserva capítulo especial para a contrastante estampa Pucci.

EMÍLIO PUCCI
Emílio Pucci, como Chanel seu nome ainda integra o line-up dos desfiles de alta-costura dos anos 2000, firmou um estilo de vestir embalado pelas águas azuis que banhavam a paradisíaca Ilha de Capri. De olho na movimentação do Jet set internacional, que frequentava o badalado balneário, este marqueteiro nato abriu em 1949 uma boutique no resort.

Pucci se deixou envolver pela alegria e descontração, presentes nos dias ensolarados, e lançou estampas com cores contrastantes – que são a cara do verão –impressas em lenços, vestidos, blusas, maiôs e biquínis, que viraram um hit também em outras praias. Muitos creditam ao costureiro a criação da calça Capri. Tudo a ver.

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Criações de Pucci nos editoriais de famosas revistas.

Balneários freqüentados pelo Jet set internacional: cenário de inspiração para um aristocrata estilista italiano.

Agência Fotosite/Divulgação
Verão 2012 da Blue Man reativa o espírito da grife.

Praia, sol e mar pautaram o estilo de
vida descontraído absorvido por David Azulay.

SIMÃO E DAVID AZULAY
Os irmãos Azulay, Simão e David, embora nascidos em Belém do Pará, são citados com méritos entre os personagens emblemáticos que assumiram o lifestyle carioca como fonte de criação para roupas e acessórios. Simão comandou uma das mais badaladas grifes com esta pegada, a Yes Brasil.

David, assinando a Blue Man, vestiu (ou desvestiu?) muitas musas do verão brasileiro, como Rose di Primo. Nos anos 70, enquanto se bronzeavam nas areias e se refrescavam nas águas do Atlântico, as garotas de Ipanema – o território mais democrático do mundo – exportavam um estilo de vida, invejado por mulheres européias e americanas.

Duas peças eram out na temporada carioca: biquíni de amarrar, tanga, fio dental, asa delta, modelos confeccionados em jeans ou com arremates artesanais, faziam as delícias do lado de cá do Equador. Nas praias imperava a marca Blue Man, com suas estampas tropicalistas, que iam de Carmen Miranda a cajus, abacaxis e bananas. Fugindo das abordagens para internacionalizar a sua marca, David Azulay bateu o pé: o biquíni era uma preferência nacional à qual os gringos tinham que se adaptar e não o contrário.

Agência Fotosite/Divulgação
Das areias de Ipanema para o mundo.

O biquíni amarradinho é uma “instituição nacional”. Quem contesta?

OSKAR METSAVAHT
Um gaúcho, de nome complicado, Oskar Metsavaht, foi o responsável por reavivar o famoso lifestyle carioca: descompromissado, à vontade e de bem consigo mesmo. Médico por formação, especializado na França, em Medicina Esportiva, descobriu, equilibrando-se sobre uma prancha de surfe, o remédio para os males de um espírito inquieto: integrar-se à natureza. A primeira loja batizada Osklen surgiu em Búzios, litoral carioca, em 1989, vendendo casacos para enfrentar nevadas… Um contraste com o cenário que pintava do lado de fora. Explica-se: adepto dos esportes radicais, Oskar testou em suas expedições montanha acima, várias opções de agasalho para enfrentar as intempéries.

Pegando onda Oskar desenvolveu bermudas confortáveis e estampadas com hibiscos – as flores havaianas impressas nas roupas foi um lançamento seu – disputadas pelos meninos do Rio e adjacências. Daí a inspiração sportswear, onipresente nas suas coleções. Depois da experiência em Búzios, o empresário abriu loja da Osklen no Fashion Mall, na Gávea e fincou estacas também em Ipanema, com endereço na Praça Nossa Senhora da Paz.

A Osklen começou trajetória nas passarelas mostrando pela primeira vez sua linha jovem, linda e solta em um desfile no Copacabana Palace em 1992; em 2003, estreou na São Paulo Fashion Week. São sintomáticos os temas de suas coleções, uma forte relação entre o esporte e a natureza, que define bem o seu conceito de moda e de vida do seu idealizador: Surfing the Mountains; Vento; Austral; Surfing in the Mountains –Himachal Expedition; Ipanema; Amazon Guardians; United Kingdom of Ipanema; Surfing the City; Chuva de Verão; Rising; Oceans

Uma fórmula de moda saudável que hoje é encontrada em vitrines nacionais e internacionais – com lojas Osklen em Milão, Roma, Tóquio e Miami. Oskar surfa, desbrava florestas e se integra ao cenário. Um estilo construído com trânsito livre entre o esporte e as tendências da temporada e com fronteiras abertas ao respeito à Natureza! Essência de uma moda com raízes brasileiras, que estende ramos para abrigar à sua sombra expectativas globalizadas.

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Sobre e sob as ondas, inspiração para a Osklen.

Mergulhos em águas profundas tematizam a coleção Ocean, verão 2011/12 da Osklen. Natureza sempre presente na essência da grife.

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Um estilo de vida acessível nas araras da Riachuelo.

O lifestyle carioca se espalha pelo país em coleção assinada por Oskar
Metsavaht para a lojas Riachuelo.

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