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Eu também quero um Janot para chamar de meu
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Joesley roubou, corrompeu, pagou propinas milionárias, comprou e quebrou concorrentes com dinheiro de empréstimos suspeitos do BNDES, da Caixa, do FGTS e dos fundos de aposentadoria das estatais. Quando entrou na mira da Justiça, gravou uma conversa inconclusiva com o presidente e pronto: está livre, imune a qualquer acusação, com direito a desfrutar da vida em seu apartamento de R$ 30 milhões na Quinta Avenida, em Nova York.

Poxa, se é assim eu também vou cometer crimes só para ter direito a um acordo como esses.

Entendo a importância da delação premiada no combate à corrupção. Mas o acordo que Joesley Safadão fechou com Rodrigo Janot, o procurador-geral da República, não é de delação premiada, mas de corrupção premiada.

Se o acordo de fato se concretizar, o dono da J&F não vai usar tornozeleira eletrônica, não será impedido de deixar o Brasil, não vai cumprir prisão domiciliar, não passará sequer um dia na cadeia. Perto de Marcelo Odebrecht, que ficará dois anos e meio preso e mais dois anos e meio no regime semiaberto, Joesley se deu bem demais.

Pior ainda: seu conglomerado ficará livre de ações legais nos Estados Unidos e nos países da Europa, que costumam fechar o cerco a empresas envolvidas em corrupção no exterior.

Um argumento em defesa de mamatas como essa é incentivar empresas a confessarem seus crimes antes mesmo de serem investigadas. A perspectiva de castigo evitaria que empresários e políticos revelem os crimes à Justiça.

Mas esse argumento não vale para a JBS, pois ela já estava sendo investigada numa penca de operações da Polícia Federal. As operações Cui Buono, Greenfield, Bullish e Sepsis investigam fraudes na concessão de empréstimos à JBS por tudo quanto é entidade pública: a Caixa Econômica Federal, o BNDES, os fundos de pensão e fundo de investimentos do FGTS. Estava na cara que Joesley Batista só colaborou porque a Justiça estava em seu encalço. Ele temia ter o mesmo fim que Marcelo Odebrecht ou Eike Batista.

Os brasileiros dificilmente vão engolir a mordomia que Rodrigo Janot concedeu ao dono da J&F.

 

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