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Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado| Foto:

Passei a manhã conversando com uma amiga que trabalha na Câmara dos Deputados. Ela pintou um quadro péssimo para o presidente Temer e a votação das reformas nos próximos meses.

“Nunca na história desse país, e nem de outros, já se viu aprovar reformas impopulares em ano pré-eleitoral”, diz ela. “Pior, em ano pré-eleitoral sem grana pra campanha.”

Há centenas de deputados acusados de corrupção apavorados com a possibilidade de não se reelegeram no ano que vem e perderem o foro especial. Sem dinheiro para a campanha eleitoral, por causa das novas regras de doações, terão que contar com outros meios para garantir votos. Um deles é colocar cabos eleitorais em cargos federais relevantes nos estados – ou seja, exigindo cargos do presidente Temer em troca de votos. “Os caras estão visando só eleições nessa altura do campeonato”, diz a minha amiga.

Se Temer já abriu a mão de muito mais do que poderia para se livrar da denúncia de Rodrigo Janot, o procurador-geral da República, terá que ser ainda mais generoso nas próximas semanas. Janot prepara mais uma – ou talvez duas – denúncias contra Temer antes de deixar o cargo, em 17 de setembro.

“A pauta aqui vai ser só denúncia contra o Temer e medida provisória, porque é o que tem quórum. Temer vai continuar sangrando mais alguns meses, e atrasando as votações”, diz ela.

Um modo de acalmar os deputados seria por meio da reforma política, garantindo um belo fundo partidário para a campanha dos deputados. Ou seja: os parlamentares cobrarão um pedágio para deixar a reforma da Previdência passar.

Se mais denúncias de Janot chegarem ao Congresso, não teremos aprovação da reforma da Previdência este ano e nem no próximo, que é ano eleitoral. A indefinição empurraria o dólar de volta aos R$ 4, a crise se prolongaria e a esquerda poderia voltar a pensar com a vitória na eleição de 2018. A reforma da Previdência ficaria para 2019 – isso, é claro, se o próximo presidente decidir apoiá-la.

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