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PAU BARRENA/AFP
PAU BARRENA/AFP| Foto:

Como combater o terrorismo-Uber?

Um traço comum dos ataques com vans e caminhões na Europa é que seus autores não têm ligações fortes às grandes redes terroristas. O Estado Islâmico até reivindicou a autoria do atentado de ontem em Barcelona, mas não há provas de que de fato esteja envolvido. Como diz o filósofo Hélio Schwartsman, os terroristas de hoje são como motoristas do Uber: integram um terrorismo desregulamentado, com apenas ligações virtuais à organização principal.

O pior desse terrorismo disperso é que é impossível detê-lo. Nem um fechamento completo de fronteiras e a implantação de um Estado policial conseguiriam vigiar todos os cidadãos a todo momento e evitar que algum maluco jogue o carro contra pedestres.

Talvez uma saída seja focar no incentivo moral dos terroristas. Os autores de atentados são em geral pessoas frustradas em busca de um ato grandioso que possa eternizá-los. Quanto mais os tratamos como gente perigosa e poderosa, maior o fascínio por um ato extremo.

O melhor jeito de combater esse fascínio é transformando terroristas islâmicos em piada. Ridicularizar suas convicções, zombar de seus códigos e rituais secretos, retratá-los como crianções que não sabem perder.

Foi algo parecido que fez a Ku Kux Klan enfraquecer nos Estados Unidos. Como Steven Levitt e Stephen Dubner contam no “Freakonomics”, a organização racista levou um baque nos anos 1940, depois do programa de rádio “As Aventuras do Superman” retratar seus membros como vilões. Não eram só gente do mal, mas gente esquisita: usavam palavras secretas (“Kloran” para o livro sagrado e “Klavaliers” para combatentes) e vestiam trajes ridículos.

Desmoralizada, a KKK perdeu seguidores e o entusiasmo. Os episódios de linchamento de negros praticados pela organização cairam de 119 na década de 1930 a 1939 para seis entre 1950 e 1959.

É claro que a polícia e as agências de segurança têm um papel fundamental na luta contra o terrorismo. Mas os humoristas também. Eles devem deixar de respeitar ou temer os terroristas e transformá-los em motivo de chacota. Imigrantes muçulmanos na Europa e nos Estados Unidos precisam enxergar o terrorismo não como um ato grandioso, mas como uma tolice infantil.

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