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Bate-papo no vestiário masculino
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Vestiário masculino não é definitivamente um local agradável para se bater papo

A menos que você seja atleta e, obrigatoriamente, tenha de ouvir a preleção do técnico da sua equipe antes de entrar em campo, conversas de vestiário não são nada agradáveis. Principalmente com estranhos.

Ter de responder sobre como está o tempo lá fora enquanto se veste a sunga da natação não é exatamente uma conversa encantadora e lírica. Falar do seu candidato à presidência da República com o barulho de alguém urinando pode confundir seriamente suas pretensões de voto. E ter de emitir opiniões sobre a classificação do seu time com um cara todo ensaboado à sua frente é tão desanimador que a possibilidade de você aceitar trocar de agremiação só para que aquela cena termine o quanto antes é grande.

Agora, nada pior do que criança chorando no vestiário masculino. Isso sim é uma situação constrangedora.

Explico.

Se uma criança chora no vestiário feminino, ela logo é atendida por um batalhão de mulheres. São pessoas capacitadas, que sabem lidar com a situação, mesmo que ainda não sejam mães. Afinal, toda mulher tem naturalmente o instinto materno. Elas não são como nós, que temos que aprender a ser pai. A natureza encurtou o caminho para elas, não precisam de curso intensivo.

Por isso que ao menor esboço de chororô de uma criança no vestiário feminino elas entram em ação. E dão tanta atenção à criança que nem dá tempo de a lágrima rolar. Em segundos o choro vai embora.

Já no masculino…

Não foram poucas as vezes que eu vi sujeitos completamente desconcertados por não conseguirem fazer o filho parar de chorar no vestiário. O duro é que esse pai até conta com a solidariedade dos outros caras no local. Só que ninguém se arrisca a ajudar. A maioria porque realmente não sabe o que fazer. Fica aquela situação, um olhando para o outro, pensando em fazer algo, sem saber o quê.

Semana passada mesmo passei por uma situação dessas. Um cara mais ou menos da minha idade entrou com o filho de uns 2 anos no vestiário. O moleque berrando sem parar, pedindo pela mãe. O pai até tentou com muito carinho convencê-lo a parar de chorar. Mas não teve como. Do jeito que a coisa estava, mais um pouco e o guri ficaria desidratado de tanto verter lágrimas. Ficamos todos ali, sem jeito e pensando “que foda…”

Eu mesmo até cogitei ir lá e fazer um gracejo qualquer com o menino para tentar acalmá-lo. Mas como ainda não tenho brevê de pai, como ainda não sei pilotar uma criança, fiquei no meu canto. Até que um senhor terminou de se vestir e antes de ir embora, muito calmamente, bateu no ombro do pai e disse cordialmente:

– Como dizia aquela propaganda com o Paulo Autran, “mesmo assim, você ainda vai ser completamente apaixonado por ele…”

E saiu, sem ajudar em exatamente nada a acalmar a criança. Mas que o pai do menino vai guardar aquela conversa de vestiário pro resto da vida, disso eu não tenho a menor dúvida.

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