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Um bom vendedor vê possibilidades onde outro vê obstáculos

Um garotão inteligente, vindo da roça, candidatou-se a um emprego numa grande loja de departamentos da cidade. Na verdade, era a maior loja de departamentos do mundo, tudo podia ser comprado ali.

O gerente perguntou ao rapaz:

– Você já trabalhou alguma vez?

– Sim, eu fazia negócios na roça.
O gerente gostou do jeitão simplório do moço e disse:

– Pode começar amanhã. No fim da tarde
venho ver como se saiu.

Próximo ao meio dia entrou na loja um senhor franzino, de bermudas e chinelos. Os vendedores ficaram estáticos e nem deram atenção ao cliente, exceto o novo vendedor que sorrindo veio ao seu encontro. Em poucos minutos conversavam sem parar.

Os colegas passaram o dia com pena do pobre coitado. Passara o dia atendendo um único cliente. Por que perder tanto tempo com um sujeito com uma aparência dessas?

Às 17:30 h o gerente se acercou do novo empregado para verificar sua produtividade e perguntou:

– Quantas vendas você fez hoje?

– Uma!

– Só uma? A maioria dos meus vendedores faz de 30 a 40 vendas por dia. De quanto
foi a sua venda?

– Dois milhões e meio de reais.

– Como conseguiu isso???

– Bem, o cliente entrou na loja e eu lhe vendi um anzol pequeno, depois um anzol médio e finalmente um anzol bem grande. Depois vendi uma linha fina de pescar, uma de resistência média e uma bem grossa, para pescaria pesada. Perguntei onde ele iria pescar e ele me disse que ia fazer pesca oceânica. Eu sugeri que talvez fosse precisar de um barco, então o acompanhei até seção de náutica e lhe vendi uma lancha importada, de primeira linha. Aí eu disse a ele que talvez um carro pequeno não fosse capaz de puxar a lancha e o levei à seção de carros e lhe vendi uma caminhonete com tração nas quatro rodas.

Perplexo, o gerente perguntou:

– Você vendeu tudo isso a um cliente que veio aqui para comprar um pequeno anzol?

– Não, senhor. Ele entrou aqui para comprar um pacote de absorventes para a mulher, e eu disse: “Já que o seu final de semana está perdido, por que o senhor não vai pescar?”

Quem vê cara, vê bolso?

Esta história faz lembrar o que aconteceu -em 2006 – quando decidi trocar de carro. Confesso que estava em dúvida, por isso, visitei uma meia dúzia de concessionárias. No sábado, pela manhã, voltava do parque Barigui e um impulso me fez entrar na única concessionária – da região – que ainda não tinha visitado.
Desci do carro de tênis, bermuda, camiseta, meio descabelada e suada, afinal saira de uma caminhada. Pensei duas vezes, mas mesmo assim resolvi entrar.

Um vendedor veio ao meu encontro, perguntou qual o modelo de meu interesse e, pasmem, em menos de dois minutos me deixou falando sozinha para atender um senhor de terno e gravata.

Meio incrédula, sai de fininho, constrangida, mas no fundo, dando risada, afinal já sabia o carro que iria comprar. Sai dali e voltei a uma concessionária que visitara no dia anterior. O vendedor veio ao meu encontro muito sorridente. Fechei o negócio e contei a ele o que acabara de acontecer no seu concorrente.

Na terça-feira fui buscar meu carro novo com uma super produção: cabelo, roupa, sapato, unhas, perfume. Sai feliz, em direção à concessionária onde me senti humilhada.

Fui direto à mesa do tal vendedor. Nossa, o tratamento foi de princesa. Tive certeza de que não me reconheceu, até porque no sábado nem prestou atenção na minha pessoa.

Foi mostrar os modelos, olhei e escolhi um similar ao meu que estava estacionado lá fora. Pedi a ele que chamasse o seu gerente. Eu os convidei para se dirigirem à porta e dali apontei para o meu carro novinho.

– Acabei de retirar da concessionária. Só passei por aqui para mostrar que tenho condições de comprar um carro desses. No sábado este seu vendedor me deixou falando sozinha e foi atender outra pessoa. Certamente, não acreditou que uma pessoa que sai do parque de bermuda e tênis pode entrar na loja para comprar um carro. É proibido entrar de tênis? Se for, coloque uma placa, por favor! Sai apressada, sem querer ouvir uma palavra sequer.

Até hoje não sei se agi certo. Tenho certeza que aprendi algumas lições. Uma delas: conto até dez antes de julgar alguém.

Muitos de nós costumamos sim julgar as pessoas pelas aparências, mesmo sabendo que estas podem ser enganadoras.

Todo mundo quer ser aceito, mas quem disse que precisamos ser todos iguais? Onde está escrito que devemos medir as pessoas pelas aparências?

E o mais triste é que, se a aparência desagrada, marcamos a pessoa e nos prevenimos contra ela e suas atitudes, ou seja, fingimos que ela não existe. Mas, quem é discriminado, um dia pode agir da mesma forma estúpida. Vale lembrar que antes de julgar, criticar ou condenar alguém é preciso tentar se colocar no lugar da pessoa.

E você, caro leitor, já passou por alguma situação parecida?

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