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O aperto de mãos e o seu significado diplomático

O aperto de mãos e o seu significado diplomático

 

A linguagem corporal é crucial em cada aspecto das relações humanas, sendo que o aperto de mão cumpre um importante papel ao evidenciar a disposição de duas pessoas ao diálogo. Inicialmente o aperto de mãos era utilizado como uma demonstração de que duas pessoas, dispostas ao diálogo, não carregavam armas, para tanto os interlocutores estendiam suas mãos direitas desarmadas para o início de uma conversa amistosa onde deveria prevalecer a igualdade e o equilíbrio.

É indubitável que o aperto de mão, independente das variações de forma, é visto como como uma demonstração de respeito e educação. Na Suíça, por exemplo, sempre se espera que se aperte a mão da mulher primeiro, como manifestação de gentileza; na Áustria as mãos de crianças são sempre apertadas da mesma forma que a de adultos, como demonstração de igualdade;  no Sudão, por sua vez, as pessoas com um certo grau de proximidade, antes de apertar as mãos, dão um leve tapinha nos ombros do interlocutor; já na Coréia do Sul, a iniciativa do aperto de mão, que será preferencialmente fraco, será sempre da pessoa mais velha como sinal de deferência.

Na diplomacia adota-se uma linguagem mais universal quanto a significados das expressões corporais, vez estas assumem uma posição que transcendem a boa educação, sendo percebidas também como um meio de manifestação política e posicionamento diplomático.

O aperto de mãos diplomático, embora também seja sempre entendido como um sinal de boa-fé e predisposição para cooperar, será sempre aguardado para que seja possível mensurar, através da linguagem corporal dos seus protagonistas, o estágio do diálogo e o tom o ser adotado. A recusa em apertar as mãos, por outro lado, será diplomaticamente entendida como um sinal de ruptura ou reprovação, como quando o Príncipe Charles ignorou a mão estendida por Idi Amin Dada durante o funeral de Jomo Kenyatta em 1978, em uma clara manifestação de reprovação quanto ao regime de Terror Vermelho em Uganda.

O Presidente Chinês Xi Jinping e o Primeiro Ministro Shinzo Abe protagonizaram um desses momentos da diplomacia onde a linguagem corporal acabou por evidenciar o estado das relações entre dois países. Os dois dignitários asiáticos, pela primeira vez durante seus governos, realizaram conversas formais na tentativa de diminuir as tensões entre as duas maiores economias da Ásia, conversas estas seladas por um constrangido aperto de mãos.

As especulações sobre se os dois líderes iriam engajar em uma conversa produtiva ou até mesmo apertar as mãos tomaram conta dos analistas das relações internacionais durante as semanas que antecederam a Cúpula de Pequim. Um aperto de mãos polido e constrangido pois fim a essas especulações  ao mesmo tempo em que demonstrou uma abertura para o diálogo, por mais que a linguagem corporal dos dois representantes evidenciasse um diálogo frágil e embrionário. Mas uma coisa é certa, um aperto de mãos diplomático, por mais constrangido que possa ser, sempre será muito melhor que nenhum aperto de mão.

 

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