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Para autores de ataques terroristas como os cometidos esta semana na Austrália e em Peshawar no Paquistão, as vítimas indefesas não devem ser entendidas como tendo sido cruelmente massacradas, mas simplesmente como desafortunadas baixas resultantes de um dano colateral.

 

O massacre gera luto, indignação, enquanto que o dano colateral exige um conformismo com o infortúnio causado pela guerra que envolve a baixa de civis, devendo ser absorvido como necessário diante de um cenário conflituoso, uma simples casualidade e não um massacre de inocentes.

 

A despersonalização dos vitimados, a banalização da vida acabam sendo embutidas em um conceito estratégico e político de dano colateral, fazendo com que mulheres e crianças indefesas, aos olhos daqueles que cometem o ato, deixem de ser vítimas e passem a ser instrumentos.

 

Esta dualidade do massacre e do dano colateral desvela a hipocrisia daqueles que tentam justificar a banalização da vida e a utilização da barbárie e do terror como instrumento político, encobrindo a desfaçatez que normalmente caracteriza aquele agente do terror que de forma deliberada busca impor um sentimento aos que testemunham o massacre como mecanismo de imposição de obediência e submissão. Para tanto, o terrorista necessita marginalizar a vida humana utilizando como subterfúgio o criminoso conceito de dano colateral.

 

No massacre está o luto, o sofrimento e a dor, enquanto que no dano colateral está a mais arraigada hipocrisia humana, um egoísmo essencial que caracteriza uma patologia que relativiza a vida, uma patologia chamada terrorismo.

 

Dessa forma, aquele que se esconde atrás do dano colateral é essencialmente um criminoso, independente se talibã ou chefe militar de uma grande potência, vez que a morte de inocentes jamais pode ser entendida como um infortúnio necessário em nome de uma causa, pois não existe causa que esteja acima da proteção daquele indefeso que luta para simplesmente ser.

O dano colateral como discurso de justificativa da barbárie.

O dano colateral como discurso de justificativa da barbárie.

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