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Maurício Macri, presidente eleito da Argentina.

Maurício Macri, presidente eleito da Argentina.

Como sustentou Claude Lefort, filósofo parisiense morto em 2010, todo foro que anseia ser democrático necessita de fissuras e conflitos para se sustentar, pois na democracia o embate político é essencial, pois onde não existe oposição, não existe embate, não havendo democracia.

Macri não é a tábua de salvação latino-americana, mas pode ser um fio de esperança ao cambaleante Mercosul. Este sopro de novidade se dá não porque ele quer tornar a Argentina mais eficiente, ou porque ele promete diminuir o número de ministérios ou por dizer que vai dar início a reformas profundas para reverter o atraso causado pelo kirchinerismo, mas sim pelo fato de que Macri será a voz dissonante necessária para conter a politização do Mercosul e a volta deste a uma realidade realmente participativa e democrática no bloco. Macri tentará ser o contraponto à perversão dos objetivos que tomaram conta do Mercosul, sendo oposição à dominação ideológica que vem açambarcando a América Latina há alguns anos.

Oxalá o Mercosul volte a ser um bloco voltado à facilitação do comércio e um instrumento de desenvolvimento, e não mais um mecanismo para imposição ideológica e jogos de poder. Talvez seja esta a hora de retomar negociações marginalizadas por anos, como é o caso da criação da Associação inter-regional entre Mercosul e União Europeia que está sendo debatida desde 1999, quando da assinatura do Acordo Quadro Inter-Regional.

Macri precisa ser o grito dissidente necessário à evolução democrática para que o Mercosul retome a sua vocação de ser um bloco realmente pautado por princípios democráticos, revertendo a tendência de transformação deste em um campo fértil para conchavos, reuniões secretas e estratégias para a manutenção de grupos políticos no poder.

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