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9 coisas que você não sabe (ainda) sobre o pai do livro infantil
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Dia desses, vi uma fila de gente dobrando a esquina de um shopping para o lançamento de um livro. Enquanto eu admirava a coragem daquelas pessoas, um grilo falante invadiu minha consciência e perguntou por qual escritor ou sábio eu enfrentaria uma multidão daquela. Fiz uma lista mental generosa, que foi de Jesus a Zelda Fitzgerald. Nela estava também o meu amado Hans Christian Andersen.

Se ele estivesse vivo, poderíamos dividir o mesmo bolo de aniversário hoje – eu nem me importaria que ele escolhesse o sabor. E caso ele viesse lançar algum livro na cidade, eu iria até o fim da maior fila do mundo para lhe dar um abraço bem dado, tirar uma foto, postar no insta e agradecê-lo por todas as vezes que suas histórias me ajudaram a compreender a vida. Desde a infância.

Não é por acaso que a data do seu nascimento foi escolhida para comemorar o dia internacional do livro infantil. A vinda de Andersen a este mundo, em 1805, previa a criação de outros mundos fantásticos com as mais sensíveis lições que não só as crianças, mas também os adultos precisavam ouvir. E enquanto seus antecessores, como Charles Perrault, que escreveu Cinderela, e os irmãos Grimm, autores de Rapunzel, apenas adaptavam histórias medievais para o universo infantil, Andersen brilhou criando seus próprios personagens.

Nascido em uma família pobre, ele teve uma infância difícil em Odense, município da atual Dinamarca, e passou por dificuldades para se consolidar como escritor. Talvez por isso, soube tocar em temas sociais com delicadeza, como fez em A pequena vendedora de fósforos.

E as preleções do dano-norueguês não paravam por aí. Em O patinho feio, mostrou que sentir-se um estranho no universo poderia ser apenas uma questão de encontrar o seu verdadeiro papel nele. Em A Roupa nova do Rei, desnudou a nossa hipocrisia.

Aproveitando o assunto e a data festiva que comemora nosso aniversário – meu e do Andersen (risos) – e o dia internacional do livro para crianças, elenquei nove curiosidades (muitas que nem eu sabia antes de pesquisar para escrever esse post, aliás) sobre o criador da pequena sereia, do soldadinho de chumbo e da rainha da neve, que deu origem ao filme Frozen. Prepare-se para conhecer uma biografia bonita, cheia de emoção, mas que está longe de ser um conto de fadas.

1. O pai de Andersen foi um dos maiores incentivadores do escritor e era um grande contador de histórias. Apesar de ser um pobre sapateiro itinerante, tinha grande apreço pela arte e gostava de ler e construir brinquedos para o filho, chegando a presenteá-lo com um teatrinho de marionetes. Desesperado para conseguir mais dinheiro para a família, acabou se alistando ao exército de Napoleão e morreu lutando em 1816, quando Hans tinha apenas 11 anos.

 2. Romântico como era, o escritor chegou a escrever três autobiografias ocultando, gentilmente, muita coisa triste que sofreu. A segunda delas começava assim:

“Minha vida é um belo conto de fadas rico e glorioso. Se eu tivesse saído pelo mundo como um pobre e solitário menino e tivesse encontrado uma poderosa fada e ela dissesse: “Escolha seu próprio caminho e objetivo na vida, então eu o protegerei e guiarei no sentido do desenvolvimento da sua mente e da forma que as coisas devem normalmente acontecer no mundo”, então meu destino não poderia ser mais feliz nem mais inteligentemente conduzido do que no caso tem sido. A história da minha vida vai contar ao mundo o que ela tem me contado: existe um Deus amoroso que dirige tudo para o melhor”

3. A história de Andersen, segundo muitos estudiosos, não foi tão colorida como ele queria que tivesse sido . Um de seus maiores biógrafos,Elias Bredsdorff, diz que o escritor, embora fosse polido e apegado a fortes preceitos morais, cresceu em meio a um background de miséria, imoralidade e promiscuidade. E acrescentou:

“Sua avó era patologicamente mentirosa; seu avô, insano; sua mãe acabou se tornando alcoólatra; seu tio montou um bordel em Copenhagen e durante anos Andersen esteve preocupado com a existência de uma meia irmã que poderia surgir de algum lugar repentinamente e envergonhá-lo em seu novo meio social – um pensamento que o perseguiu em seus sonhos por toda sua vida”.

4. Os famosos contos que conhecemos do escritor não são nem metade da sua obra completa. Além das histórias mais populares, ele escreveu seis romances, mais de trinta peças teatrais, vários livros de poesia e histórias de viagens e as três autobiografias do tópico 2.

5. Quando ele tinha mais ou menos 7 anos, seus pais o levaram para ver uma apresentação no Teatro Municipal de Odense. O menino se encantou pelos palcos e viu na arte uma possível saída para sua vida tão cheia de miséria. Assim, começou a se vestir de formas diferentes, a escrever peças e a encenar papeis. Para o desespero da mãe, que o punia por isso.

6. Certa vez, uma cartomante disse à mãe de Andersen que ele seria mundialmente famoso. Então, ele, que já cantava em casas de classe média, foi enviado para Copenhagen aos 14 anos para ser artista.

7. Como grande parte de seus estudos foi financiada pelo rei Frederico VI, que o apresentou à nobreza, muito se especula sobre a hipótese de Andersen ter sido filho ilegítimo do monarca. Mas não há prova nenhuma disso.

8. Além de escrever histórias, o pai da literatura infantil adorava fazer desenhos com tesouras. Acredita-se que ele tenha executado mais de 1100 recortes, com uma tesoura que ele sempre carregava.

9. Já falei que Andersen era um grande romântico e vou confirmar isso com mais uma história interessante: dizem que ele se apaixonou quatro vezes na vida, mas nenhum desses casos de amor vingou. Ainda assim, ele era um homem esperançoso. Riborg Voigt, sua primeira paixão, o escreveu uma carta e ele a guardou durante 45 anos em uma pequena bolsa que ele levava para todo lado. O que estava escrito nela? Ninguém sabe. Quando o escritor faleceu, seus amigos queimaram o manuscrito sem ler. Por respeito e sigilo.

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Anota aí 😉

Por falar em literatura infantil, hoje tem roda de leitura com Tarik Vivan Alexandre, na Casa de Leitura Jamil Snege. O evento, que acontece às 14 horas em comemoração ao dia do livro para crianças, tem classificação 8 anos e é gratuito.

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