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Cada um na sua
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Em jornal, velhos tempos, chamavam de lead. Ou seja, a abertura da matéria. Objetivo: iniciar um texto de modo a fisgar o leitor, o que não é fácil. Daí muitos dos ardis, inclusive em livros, ficarem gravados indelevelmente na cachola do cabôco, como diz o professor Afronsius. Que traz na ponta da língua alguns exemplos de arrebatadoras aberturas de livros, livros igualmente idem, arrebatadores:

– Formei-me em Letras e na bebida busco esquecer. Mas só bebo nos fins de semana.

Luis Fernando Verissimo, em Os Espiões.

– Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto.

João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas.

– Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos – e, antes de começar, digo os motivos porque silenciei e porque me dedico.

Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, volume I.

– Manifesto para não ser lido.

“Manifesto em homenagem a todos os joaquins do Brasil”, Dalton Trevisan, revista Joaquim, edição número 1, abril de 1946.

– Como vosso presidente vos disse, o assunto sobre que vou falar-vos esta noite se intitula: “Porque não sou cristão”. Talvez fosse bom, antes de mais nada, procurássemos formular o que se entende pela palavra “cristão”. É ela usada, hoje em dia, por um grande número de pessoas, num sentido muito impreciso.

– Bertrand Russel, Porque não sou Cristão, abrindo palestra no dia 6 de março de 1927, na Prefeitura Municipal de Battersea, sob os auspícios da Seção Sul de Londres da “National Secular Society”.

A vez das onomatopeias

Beronha, que desde a época do Cine Curitiba até hoje adora ler gibi, aproveitou para citar as aventuras do Zorro, Tex Willer e de outros heróis, que sempre começavam da mesma maneira:

– Está lá, numa coxilha, o mocinho, a cavalo, por supuesto, quando, no segundo quadrinho, ouve Bang! Bang! Patim! Boom! Pow! Ka-Pow! – tiros. Sai em desabalada carreira para livrar alguém dos perigosos facínoras. Ou dos peles-vermelhas, também por supuesto.

– Onomatopeia, o que é?

– Som de tiros, ué – tascou nosso anti-herói de plantão.

ENQUANTO ISSO…

23 fevereiro

 

 

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