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Cantinho da farmácia
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Não deve ser privilégio de um só boteco o chamado cantinho da farmácia.

– Cantinho da farmácia?

– Sim, cantinho da farmácia. Onde só tem xarope.

Embora também se considere um xarope (afinal, “a autocrítica sempre prevalece”), professor Afronsius gostou da informação que lhe foi passada no Bar VIP da Vila Piroquinha. E, com ela, a prova, visível e audível: um cabôco visivelmente irritado com o papo furado na mesa ao lado. Furado e em voz alta. Quase megafone.

Ele, o cabôco, simplesmente pretendia acompanhar o jogo de futebol na TV tomando uma bem gelada. Não era possível. A todo instante era instado a responder coisas descabidas e obrigado a ouvir os mais mirabolantes comentários. Os assuntos iam da política de Obama para o Iraque ao dinheiro do vizinho (“ele ganhando por mês 15 mil real“) e o cartão transporte em Curitiba.

Tudo em tom professoral, ou, como diz Mino Carta, aquelas pessoas que “falam com o dom da verdade”.

Tratado Geral dos Chatos

Xarope, chato de galocha, gangorra (quando ele senta você levanta), mala, maçante e por aí vai. Os adjetivos proliferam. Tanto que chato ganhou espaço no Dicionário do Aurélio, com direito a mais um verbete – maçante.

O assunto, sem ser chato ou maçante já sendo, chegou a merecer um estudo profundo, de fôlego. Tratado Geral dos Chatos, 1962, livro de Guilherme Figueiredo. Nele, o irmão do general João Figueiredo monta até um painel com catálogo dos tipos de chatos, do catalítico ao logotécnico.

E é definitivo ao provar que o problema é para sempre, já que “os chatos não se chateiam”.

Mas, isto posto, é melhor ir ficando por aqui, seguindo o conselho do professor Afronsius.

– Está parecendo uma roda gárrula. Ou tagarela, a quem assim o preferir.

ENQUANTO ISSO…

29 agosto (2)

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