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Clube da Soda
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Promessas e mais promessas. Uma espécie de panapaná de promessas sobre a cidade.
– Panapaná?
– Voo, migração de borboletas em certas épocas, formando verdadeiras nuvens – explicou Natureza Morta, mas a revoada, no caso, fica por conta da fala dos candidatos.
– Mas o que tem a ver o Clube da Soda com eleições?
– É um exemplo. Muitas vezes, por mais que os candidatos que se elegeram se esforcem, não conseguem tornar realidade uma promessa de campanha. Algo ditado pela solidariedade e que se apresenta bastante simples.

As vítimas de sempre

O solitário da Vila Piroquinha fez um breve histórico. O Clube da Soda Hélio Brandão foi criado para atender crianças vítimas da estenose, estreitamento do esôfago pela ingestão involuntária de soda cáustica. Antigamente de uso comum nas casas, a soda era vendida livremente, sem o menor controle. Ou preocupação com as consequências.
– Como aparentava ser açúcar, a lata aberta atraía, fatalmente, muitas crianças. De famílias pobres.
O tratamento era longo e muito penoso. Outro problema para a família: onde buscar socorro?
Um dos maiores especialista em tratamento de doenças do esôfago, Hélio Brandão foi o idealizador e fundador do Clube da Soda, no início dos anos 1970. Funcionava anexo ao Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba. Era uma espécie de cruzada, e ele recebia apoio espontâneo dos mais variados setores da população. Investia também no esclarecimento, na informação.

Centro de referência

Logo o Clube se transformou em referência nacional. Promovendo bazares para arrecadar fundos e manter a entidade, apostou firme, diante da inércia do poder público, em campanhas para enquadrar a soda cáustica como produto perigoso. Em 1975, os casos já apresentavam uma sensível redução, mas ainda aparecia pelo menos uma criança por semana em busca de tratamento. As vítimas vinham da periferia de Curitiba, de pequenas cidades do interior do Paraná e Santa Catarina.
O tratamento, em alguns casos, se prolongava por 10 anos.

Apoio de políticos

O professor Brandão e equipe recorreram a políticos, para disciplinar o comércio da soda. Muitos deles entraram na campanha, com empenho e seriedade. Mas os sempre presentes lobbys tiveram mais peso. Diante de certos lobbys, os políticos geralmente perdem a força.
Por várias vezes, o médico colaborou com parlamentares fornecendo subsídios para que a venda da soda cáustica fosse proibida em todo o país. Os projetos acabavam engavetados. E ele apontava: curiosamente, a proporção da soda vendida como detergente, diretamente ao público, não é significativa em termos de consumo, sendo mais utilizada nas indústrias.
Portanto, fechando a história, não basta apenas apostar em promessas e no trabalho, seja o candidato que for.
– É preciso estar sempre presente, exercendo plenamente a cidadania, que vai além do ato de votar, finalizou o professor Afronsius.
-Principalmente neste domingo, e não apenas tascando o dedão na urna biométrica – emendou Natureza.

ENQUANTO ISSO…


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