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Poeta e diplomata. O que, talvez, poucos saibam sobre Vinicius de Moares é que a sua paixão se estendia ao cinema. Foi, inclusive, crítico, assinando comentários em jornais. Não seria para menos.

Matéria de Paulo Virgilio, da Agência Brasil, em outubro do ano passado, por ocasião do centenário de nascimento do Poetinha, mostra o intelectual de múltiplas facetas. Jogava nas onze, como se diria hoje. Ou ontem.

E, também no caso do cinema, ia fundo.

– Ao longo de toda a década de 40 e na primeira metade dos anos 50, Vinicius de Moraes exerceu, paralelamente à carreira de diplomata, intensa atividade como crítico de cinema para os jornais A Manhã e Última Hora e para as revistas Diretrizes e Sombra.

Meio de expressão total

Em agosto de 1941, sua profissão de fé, no jornal A Manhã:

– Creio no cinema, meio de expressão total em seu poder transmissor e capacidade de emoção, possuidor de uma forma própria que lhe é imanente (conceito religioso e metafísico que defende a existência de um ser supremo e divino (ou força) dentro do mundo físico) e que, contendo todas as outras, nada lhes deve.

Parte do acervo literário de Vinicius, sob a guarda da Fundação Casa de Rui Barbosa, os escritos revelam que o poeta produziu análises aprofundadas sobre os grandes mestres do cinema na época, como Orson Welles, Charles Chaplin, Alfred Hitchcock, René Clair, Fritz Lang, Sergei Eisenstein, Vittorio de Sica e o brasileiro Alberto Cavalcanti.

Um cineclubista

Os rumos do cinema brasileiro e o resgate da obra de nossos primeiros cineastas também estavam nas preocupações do poeta, conta Paulo Virgilio, “Vinicius de Moraes foi importante não só como crítico de cinema, mas também como cineclubista. Foi por meio do Vinicius e das pessoas que integravam a turma dele, de cinéfilos, que o público tomou conhecimento da existência de Limite. O filme (1931) de Mário Peixoto que estava perdido há anos”, disse Fabiano Canosa, um dos curadores do Festival do Rio.

Adendo: Limite foi festejadíssimo no exterior.

Ao lado de Orson Welles

Entre 1946 e 1950, vice-cônsul do Brasil em Los Angeles, Vinicius estudou cinema com Welles e teve uma convivência muito grande com o meio cinematográfico de Hollywood.

– Ele frequentava muito a casa de Carmen Miranda e promoveu a aproximação de muitos nomes da cultura brasileira com Hollywood nos anos posteriores à 2ª Guerra Mundial, como por exemplo o escritor Érico Veríssimo, declarou Canosa, ex-programador da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e do Public Theatre de Nova York.

É de Canosa, ainda, a informação de que “Vinicius teve uma antológica contribuição, juntamente com Pixinguinha, na criação da trilha sonora do filme Sol sobre a Lama, de Alex Viany. Com relação a Orfeu Negro, do diretor francês Marcel Camus, adaptado de sua peça Orfeu da Conceição, Vinicius não teve uma participação direta na produção.

– É interessante o fato de que a peça, que estreou em 1956, três anos depois, em 1959, já era um filme que ganhou o Festival de Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro daquele ano. Normalmente, se leva de cinco a seis anos para que uma peça ganhe sua versão para o cinema.

ENQUANTO ISSO…

13 abril (1)

 

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