Leitor assíduo desde o primeiro número da Revista de História da Biblioteca Nacional, novembro de 2003, professor Afronsius não se conteve: passou a recomendar, de modo especial, a edição deste mês da RHBN, que vai fundo, e seriamente, na questão das drogas.
O professor Henrique Carneiro, da Universidade de São Paulo e autor de Bebida, Abstinência e Temperança na História Antiga e Moderna (Senac-SP, 2010), por exemplo, ensina que “o fascínio da humanidade por sustâncias psicoativas vem dos rituais xamânicos da Antiguidade e chega à indústria farmacêutica atual”. Sic.
Por dentro da História
Para a edição do Dossiê Drogas, a historiadora Nashla Dahás reuniu estudiosos do tema, “abordando aspectos que vão do quase universal uso de substâncias alteradoras de percepção aos diversos sentidos que atribuímos a elas ao longo do tempo”. E aí entram tabaco, a cachaça e os poucos visados cacau e amendoim…
Na Carta do Editor, Rodrigo Elias destaca que, séculos depois do pito do pango, “é mais do que hora de refazer o caminho e começar a nos desarmarmos em relação ao tema drogas – a começar pelo estado de espírito”.
Beronha, depois de ouvir a peroração do professor Afronsius, não se conteve:
– Mas o que vem a ser o tal pito do pango?
– Maconha.
– Eu, hein, cruz credo, tô fora…
A saída foi emprestar o exemplar na RHBN. Sob a solene promessa do boas de volta.
– Leia na página 23 o artigo “Uso se branco, abuso se preto”, do professor Lucas Avelar, da Universidade Estadual de Roraima, autor da dissertação A moderação em excesso: estudo sobre a história das bebidas na sociedade colonial (USP, 2010).
– Leia e devolva – reforçou.
Lá, nosso anti-herói de plantão deverá ficar sabendo que na América Portuguesa, durante todo o período colonial, as “drogas” (isso mesmo, entre aspas) “foram estimuladas ou proibidas ao sabor de seus benefícios ou riscos sociais”.
– No Rio de Janeiro, o Código de Posturas de 1830 proibia a venda e o uso do pito do pango, prevendo multa de 20$000 para o vendedor; “e três dias de cadeia para os escravos e mais pessoas que dele usarem”. Em 1854, o novo Código aumentou para oito dias de prisão a pena para “escravos e mais pessoas”. Começando, é claro, pela turma da senzala. Casa grande é outro departamento.
Cigarro, produto obrigatório
E, antes de acender o seu Muratti Rosso – international brand, professor Afronsius citou o cigarro, que, “para espantar o tédio, encorajar, consolar ou promover companheirismo”, virou produto obrigatório para as tropas nas Grandes Guerras.
– Tanto que os acampamentos das tropas americanas eram lembrados pelos nomes das marcas: Campo Pall Mall, Campo Chesterfield, Campo Lucky Strike e Campo Philip Morris.
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