Afixado em um poste, o cartaz (com uma foto colorida) chamou a atenção de quem passava pela rua (não só do professor Afronsius):
– Procura-se Riobaldo. Gratifica-se.
Talvez por quebrar a rotina, já que comum mesmo são os avisos e apelos para recuperar cachorros, perdão, pets, que sumiram do mapa, o pequeno cartaz deu o que falar. Ou melhor, pouco o que falar, já que se tratava de uma ave. De cor amarela.
O comentário mais comum ao redor do poste:
– Ué, o canarinho fugiu da gaiola?
– E que nome mais estranho pra um canário. Riobaldo…
Professor Afronsius aproveitou para meter o bico:
– Talvez o Riobaldo tenha fugido com Diadorim.
Aí que ninguém entendeu mais nada. Riobaldo e Diadorim?
Enquanto batia em retirada, professor Afronsius pensou com seus botões:
– Coitada da calopsita, ou caturra, mais especificamente Nymphicus hollandicus, ave Psittaciformes pertencente à família Cacatuidae.
Já foi produto de exportação
Originária da Austrália, a espécie foi descoberta em 1792. E chegou a ser considerada papagaio de crista – ou pequena cacatua. Nativa de pântanos australianos (“Existe isso por lá? Pensei que só tivessem cangurus”, interveio Beronha), a calopsita acabou classificada como o menor membro da família Cacatuidae.
Os primeiros exemplares chegaram ao Brasil nos anos 1970. A Austrália, em 1994, proibiu a exportação de calopsitas, mas como já havia criadores no Brasil, a calô veio para ficar.
Ficar. Ou fugir, para desespero de algum proprietário.
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