O petróleo é nosso. Pelo menos, bate na madeira, até agora. E olha que a conquista não foi fácil. Mesmo assim é preciso estar permanentemente alerta contra os inimigos internos e externos, sempre solertes, tanto ontem como hoje.
A propósito, depois da convocação, professor Afronsius, para refrescar a memória de muita gente, citou outra guerra. A guerra do café solúvel, título, aliás, de um livro de Hélio Duque, o combativo cidadão, deputado federal (1978-1991), doutor em ciências pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autor de vários trabalhos sobre a economia brasileira.
Na abertura de A Guerra do Café Solúvel, editora Leitura, janeiro de 1970, Duque cita John Foster Dulles:
– Uma nação não tem amigos: tem interesses.
Sem medo do AI-5
Em 1967, conta Hélio Duque, Horácio Coimbra, proprietário da Companhia Cacique Café Solúvel, de Londrina, era presidente do IBC – Instituto Brasileiro do Café. Era. Perdeu o cargo por conta da pressão norte-americana para que o Brasil não passasse de mero exportador de café (café? só em grão) a exportador de café solúvel.
Mesmo com o AI-5 em plena vigência, em 1970 o então deputado Helio Duque denunciou o caso do “protecionismo infamante”. Afinal, a simples transformação do café para solúvel, incluindo mais trabalho no valor do produto, já era “um elemento de combate ao subdesenvolvimento”.
Detalhe: o café industrializado vale 20 vezes mais do que o produto em grão.
Rompendo barreiras, sempre
Hélio Duque voltaria ao assunto em maio de 2007:
– No passado, o café foi a riqueza instrumentalizadora da industrialização brasileira. Por mais de um século respondeu por dois terços do total das exportações nacionais. De meados do século XIX até a década de 60 do século XX, a economia cafeeira foi o pólo dinâmico responsável por um crescimento integrador de vastas áreas do território brasileiro. Do Paraná e São Paulo a outros estados.
– No mundo globalizado o protecionismo e a geração de barreiras tarifárias vem sendo uma prática comum utilizada pelos países desenvolvidos. Agora é um bloco econômico com mais de duas dezenas de nações que impõe essa prática nociva contra os países em desenvolvimento. Aceitar sem luta essa prática é deixar o caminho aberto para a sua ampliação, em detrimento dos interesses e do desenvolvimento nacional.
Professor Afronsius, em comentário à margem, ou, mais apropriadamente, à beira-mar: depois de vencida em terra, a nova batalha do petróleo é nosso já vem sendo travada: em gabinetes aqui e acolá, e a até 8 mil metros abaixo do nível no mar. No pré-sal, por supuesto.
ENQUANTO ISSO…
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