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Top 10 – Livros Sobre a Máfia – Parte 1
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Final de domingo melancólico me peguei vendo ao mesmo tempo um documentário sobre a Máfia e outro sobre a Segunda Guerra Mundial. Induzido provavelmente pelo documentário dos facínoras comedores de spaghetti, lembrei de Tony Soprano, que adorava documentários sobre a Segunda Guerra. Me senti macho, ainda mais porque tinha aberto uma merecida latinha de cerveja que empapuçou depois de dois goles.

Na cadeia de associações engendradas pela cachola, Tony Soprano me levou a John Gotti (que em breve vai virar filme financiado pelo seu filho, Gotti Jr.) e Gotti me levou a alguns livros de minha estante que, por sua vez, me trouxeram a este blog, que não atualizo há bastante tempo.

Unindo o pesto com o macarrão, pensei num Top 10 de Livros Sobre a Máfia -que farão você achar “Os Simpsons da Cosa Nostra” ainda mais instigante. A série Família Soprano é contextualizada com base nas histórias que esses livros contam.

As obras não estão em ordem de “mais essenciais” ou “mais importantes”. Apenas em ordem de “ah, puxei primeiro da estante”. São, em sua maioria, livros velhos, que você pode encontrar no www.estantevirtual.com.br e pegar referências de editoras e etc. no Google, ok?

01 – Minha Vida Secreta na Máfia – Joseph D. Pistone


O assassino e traficante Tony Mirra, temido até por agentes do FBI

O agente secreto do FBI Joe Pistone consegue se infiltrar na máfia italiana de Nova York através do barman de um clube frequentado por gangsters. Primeiro ingressa na Família Colombo, depois torna-se associado do ignominioso Tony Mirra, um homem que havia passado mais da metade da vida na cadeia e tinha pelo menos 30 mortes nas costas. Já com o falso nome de Donnie Brasco (sim, tem o filme com Pacino e Depp), torna-se amigo pessoal de Benjamin “Lefty Two Guns” Ruggiero e do chefão, Sonny Black Napolitano. O desfile de crápulas pelas páginas do livro faz a gangue dos Sopranos parecer um bando de teletubbies com sotaque siciliano.


Carmine Galante, morto por seus próprios zips. Mas sem deixar cair o charuto.

Momento Sopranos: Brasco descobre que Carmine Galante, o chefão da Família Bonanno, importa mafiosos da Itália para traficar heroína e cometer crimes. São os chamados “zips”. Em Sopranos, podemos ver um deles em ação, Furio Giunta.

2 – Minha Vida na Máfia – Vincent Teresa


Vincent Teresa, segurando nervosamente os óculos, nas páginas dos jornais.

Teresa foi o primeiro grande (em todos os sentidos, afinal pesava 140 kg) chefe da máfia a tornar-se informante do governo. Fat Vinny era das quadrilhas de Providence, chefiadas por Raymond Patriarca. Especialista em qualquer escruncho como vender televisores sem nada dentro, dopar cavalos de corrida e passar cheques sem fundo, Teresa começou a fazer dinheiro de verdade com cassinos no Haiti e Europa. Associou-se a Meyer Lansky e membros da Chicago Outfit, como Sam Giancana (o cara por trás da morte de Kennedy).


Joe Barboza, um dos matadores da Família Patriarca e pessoa a ser evitada por Teresa.

Momento Sopranos: Silvio Dante poderia ter participado das jogatinas organizadas por Teresa em suítes de hotéis cinco estrelas, para tirar dinheiro de otários viciados em cartas. Teresa maceteava os jogos, combinando com dois ou três comparsas fingirem perder grande somas, para incitar outros jogadores a apostar mais e mais dinheiro. No final, ele devolvia a grana “perdida” aos comparsas e dividia aquilo que conseguia arrancar das vítimas. De 20 a 100 mil dólares, dizia. Isso nos anos 60. Ele conta detalhadamente como funciona o “escritório”, como eles chamavam, do crime nos EUA e como estavam interligados com todas as outras famílias criminosas. Nomes de Carmine Galante, Rusty Rastelli, Tony Accardo, Fat Tony Salerno estão em praticamente todos os livros sobre o assunto, e aqui são personagens obscuros envolvidos nos negócios escusos de Teresa.


Ray Patriarca, o próprio chefão da máfia de Providence.


3 – O Último Testamento – Lucky Luciano


Lucky Luciano, para muitos, o maior mafioso da história. Pergunte ao Paulie.

Autobiografia escrita no exílio pelo criador da máfia moderna americana. Foi Lucky Luciano quem, com dois golpes de mestre, tirou da jogada Big Joe Masseria e Salvatore Maranzano –dois capos à moda antiga siciliana, que guerreavam pelo poder em Nova York- e tornou-se o “boss of the bosses”; instituiu o Sindicato do Crime, a Murder Inc. e criou as cinco famílias do crime nos EUA.


Meyer Lansky, o cérebro associado à coragem de Luciano.

Momento Sopranos: Quando você ler este livro vai entender o que o agente do FBI quis dizer a Tony Soprano no Satriale’s com “nem o tal de Genovese nos ajudou tanto quanto você”.


Bugsie Siegel, os punhos e os canos da família Luciano

4 – O Último Mafioso – John Gotti


John Gotti, o chefão em quem provavelmente James Gandolfini se inspirou para criar Tony Soprano

Livro escrito por Howard Blum fala sobre a ascensão e queda de John Gotti, o último “Don” da máfia americana. Gotti, membro da família Gambino protagonizou um dos mais espetaculares crimes da história americana para chegar ao topo do poder: às vésperas do Natal de 1986, em plena hora do rush na Times Square, três homens usando ushankas – um típico chapéu russo- assassinam a tiros Paul Castellano, o chefe da máfia americana e seu motorista Tommy Bilotti. Gotti tornou-se quase uma figura pop e seu midiático julgamento no começo dos anos 90 trouxe de volta o tema “máfia” à imprensa. Inspirou Coppola a realizar um terceiro O Poderoso Chefão.


Paul Castellano, designado pelo prórpio Carlo Gambino para substituí-lo irritou o braço direito de Aniello Dellacroce, John Gotti.

Momento Soprano: Tony Soprano é, basicamente, John Gotti – mas sem o deslumbramento da fama e do poder que levaram Gotti à ruína.

5 – O Traidor – Jimmy Breslin


Tony “Gaspipe” Casso. Tinha esse apelido porque gostava de usar um cano de metal para amolecer algumas gengivas.

Jimmy Breslin, o verdadeiro jornalista entendido em máfia –de longe melhor que Gay Talese-, relata os depoimentos de Burt Kaplan, associado do crime organizado, contra dois policiais que trabalhavam para os Lucchese, sob as ordens de Vic Amuso e Anthony “Gaspipe” Casso. Eles faziam servicinhos como botar pessoas para dormir com os peixes e passar informações secretas para a quadrilha – através do primo de um deles, Frank Santora. Nas intersecções, Breslin conta histórias que viu e ouviu sobre a máfia onde nomes como Joe Massino, Jummy Burke, Sammy “the Bull” Gravano e Vincent “Chin” Gigante vertem como balas de uma metralhadora. Procurem no Google quem são esses sujeitos.

Trecho memorável:
P: É o Sr. Kaplan ao lado de Al Capone nesta foto?
R: Sim, sou eu.
P: O Sr. Kaplan conhece Al Capone?
R: Não.
P: O Sr. Kaplan diz que não conhece Al Capone, mas está com ele nesta foto?
R: estive com ele, mas isso não quer dizer que eu o conheça.
P: O Sr. Kaplan já fez negócios com Al Capone?
R: Sim.
P: E o que Al Capone disse que fazia quando o encontrou?
R: Vendia gravatas.

Momento Sopranos: Jimmy Burke fazendo um cavalo de corrida vencedor entrar num dos bares mais movimentados do bairro Queens, em Nova York, beber água no balcão e se exibir na pista de dança. Algo que Ralph Cifaretto poderia ter feito se não tivesse ido dormir com os peixes.

Em breve, mais cinco livros sobre essenciais sobre a máfia, mortes, omertà e delinquências em geral.

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