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É difícil de acontecer por estas cercanias, mas o Ministério do Trabalho conseguiu, enfim, colocar um ponto final numa discussão que tentava negar o óbvio: jornalista não precisa de diploma. No final do ano passado, foi editada uma resolução que orienta que as Secretarias Regionais do Trabalho aceitem o registro para jornalista de qualquer ser vivente neste mundo. Este parece ser um dos poucos acertos do governo em anos.

Quem acompanha este blog há algum tempo sabe da posição a favor da não obrigatoriedade do diploma de jornalista para que se exerça a profissão. Tenho convicção que qualquer um tem o direito de expressar sua opinião em qualquer meio independente da forma que se escreva. Acho um absurdo a visão dos sindicatos de mandar fechar sites e blogs de autores não jornalistas por estes escreverem de determinada forma. Os sindicatos pensam que escrever um lide, por exemplo, é exclusivo para profissionais formados em faculdades de comunicação social. E não é, para a tristeza dos censores do pensamento livre.

Isto não quer dizer que um diploma de jornalista não deva ser requerido pelas empresas. Ainda acho importante a formação acadêmica. O que não se pode é criar uma reserva de mercado no campo das ideias, da discussão e da informação. Principalmente quando levamos em conta que a obrigatoriedade foi criada num período no qual a liberdade de expressão estava presa. Quase nenhum país onde há uma imprensa consolidada e livre exige a diplomação. Isso é coisa de terceiro mundo. De subdesenvolvidos.

A Federação Nacional dos Jornalistas, como o leitor poderia imaginar, critica a norma do Ministério do Trabalho. “O ministro do Trabalho seguiu literalmente as posições estapafúrdias do ministro Gilmar Mendes que acha que para ser jornalista, basta estar vivo”, criticou o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, no site da instituição. E não deveria ser assim, senhor Murillo?

Um cidadão qualquer vê um buraco na rua do seu bairro, tira uma foto e faz um texto. Liga para a prefeitura e recebe a informação que em dez anos o problema será resolvido. Coloca tudo isso na internet através de um blog pessoal. Comete o equívoco de escrever em pirâmide invertida. Inconscientemente o que ele está fazendo é jornalismo. Pelos menos uma parte do que abrange o jornalismo. Até então, ele receberia uma cartinha de algum sindicado pedindo para que o material fosse retirado do site até que um jornalista fosse responsável pela publicação(Duvida?). Agora ele poderá publicar indiscriminadamente e, se houver excessos, será acionado na Justiça como qualquer outra pessoa. Lembrando que a Lei de Imprensa também caiu. Uma regra tola, como a obrigatoriedade do diploma, não deveria impedir o tráfego livre de informação.

Para este blogueiro, o aprimoramento acadêmico específico é recomendado e, teoricamente, deveria diferenciar o jornalista de um escritor esporádico. Não deveria, entretanto, impedir que o cidadão também possa fazer jornalismo.

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