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A banda Humanish adapaptou seu som para o formato semi-acústico do Sofar e aprovou. A foto é de Karla Keiko
A banda Humanish adapaptou seu som para o formato semi-acústico do Sofar e aprovou. A foto é de Karla Keiko| Foto:

Da Coluna Acordes Locais, publicada nas quartas-feiras, na Gazeta do Povo:

A banda Humanish adapaptou seu som para o formato semi-acústico do Sofar e aprovou. A foto é de Karla Keiko

A banda Humanish adapaptou seu som para o formato semi-acústico do Sofar e aprovou. A foto é de Karla Keiko

O mundo gira cada vez mais rápido. Tudo corre, nos atropela. Há cada vez mais coisas para fazer, mais informação para digerir. As opções nos oprimem, temos cada vez menos tempo e tudo exige pressa.

A geração nativa da internet, no entanto, vem encontrando meios para uma vida mais suave, mais pé no chão, mais alternativa sem abandonar a tecnologia. Três eventos culturais que acontecem neste outono ignoram a pressa e apontam caminhos de suavidade, serenidade e proximidade, quase intimidade entre artistas e público. São eles o Sofar Sounds, o Vire o Disco e o Festival Suave.

Projeto Sofar

A produtora do Sofar em Curitiba, Aline Moraes, e o músico e produtor Dilson Laguna, que trouxe o projeto para o Brasil

A produtora do Sofar em Curitiba, Aline Valente, e o músico e produtor Dilson Laguna, que trouxe o projeto para o Brasil

Quem trouxe o projeto a Curitiba foi o músico e produtor Dilson Laguna, o mesmo que introduziu o conceito no Brasil, por São Paulo e se expande para Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Belo Horizonte. A ideia é aportar uma vez a cada bimestre em Curitiba, mas há uma Copa no meio do caminho.

O bar Dama Dame, ali no comecinho da Tapajós, nas Mercês, recebeu o Sofar num fim de tarde de um domingo nublado. Das 12 bandas e músicos pré-selecionados na lista enviada para a matriz em Londres, 4 foram escolhidos: Bernardo Bravo, Rosie Mankato, Dú Gomide e Humanish. Todos num formato semi-acústico e assistidos por alguns privilegiados que ficam bem junto dos músicos.

A produtora-executiva do projeto em Curitiba, Aline Valente Lobo, aprovou a estreia. “Para os 70 convites que tínhamos disponíveis, foram mais de 180 inscritos com acompanhante. Tivemos um feedback muito positivo do púbico que compareceu. A maioria ainda não tinha conseguido entender o que era o Sofar, como as coisas iriam acontecer, era tudo muito misterioso… depois ficaram encantados com o formato, a proximidade com o artista, o novo som.”

O Sofar é um tanto secreto. As pessoas só ficam sabendo onde será realizado 48 horas antes. E as bandas só são reveladas no dia das apresentações. Ou seja, o público vai quase no escuro. E foi bem surpreendido na estreia em Curitiba.

As bandas também aprovam a proximidade com a plateia, mesmo as que têm de fazer adaptações para se enquadrar no formato semi-acústico. Foram os casos da Aldac (em São Paulo) e da Humanish em Curitiba, e um pouco também da Rosie Mancato (novo projeto de Rosanne Machado, ex-Rosie and Me) que fez a sua estreia mundial justamente nesse Sofar de Curitiba. A exigência de adaptação acaba revelando às próprias bandas outras possibilidades de apresentação em pocketshows.

Se todos gostaram, Du Gomide adorou a simplicidade e proximidade. “Queria fazer sempre assim”, resumiu ao final do minishow.

Os músicos

Bernardo Bravo – O projeto Sofar estreou em Curitiba pouco depois das 17h30 do domingo (13/04/2014) com a apresentação do músico e compositor Bernardo Bravo cantando “Carnaval em Curitiba”, que está no seu disco solo, “Arlequim”, lançado no ano passado. O disco é com piano e voz, mas ali era voz e violão. Depois, veio “Estrela de Bilhar”, gravada pela Janaína Fellini (veja vídeo abaixo) e com a participação de Dú Gomide e de João Félix. Este último permaneceu para uma retomada do duo Felix Bravo, em mais duas músicas. De certa forma reviveram no Sofar o projeto da Casinha, em que produziam shows no quintal da casa no Centro Cívico.

Rosie Mankato – Rosanne Machado fez no Sofar a primeira apresentação pública do seu novo projeto. Com Thomas Kossar na guitarra e Tiago Barbosa na bateria, era quase a formação da falecida Rosie and Me. Foi o primeiro show e há apenas um vídeo disponível, de “Chino” (veja lá abaixo), por isso não dá ainda para saber ao certo como será o som do novo disco, “Palomino”, que está em fase de finalização. Dá para perceber que a delicadeza da voz, a sutileza dos arranjos devem prevalecer. O folk continua ali, mas um tanto mais limpo (ou a palavra certa seria “clean”?). Em um vídeo dos ensaios que foi publicado no Facebook até brinquei que a música “The Big Fight” parece um “western-bossa-nova”. Depois da amostra no Sofar, aguardo ainda mais o lançamento do novo trabalho.

Du Gomide – Ele jura que foi só coincidência ter se apresentado no mesmo dia do Bernardo Bravo, que não tem nada de panelinha na história. Isso porque ele tocado com Bravo que agora estava ali com ele (e mais Fernando Lobo). E a apresentação continuou num alto astral, com Du talvez sendo o músico mais à vontade com o formato da apresentação. Parecia estar em casa com os amigos. E fez a plateia cantar com ele e sua guitarra mágica.

Humanish – Foi a banda que teve de fazer mais adaptação de seu som para o formato do Sofar. Allan Yokohama e Marano mostraram um “lado B” da banda com novos arranjos, acrescido de violino, e apresentaram apenas três músicas. Abriram melancólicos, principalmente com “Deserto e Coração”, que ficou parecido com uma moda de viola medieval. Para rebater, terminaram com um rock-baião divertido, a mais aplaudida da noite. A banda também tem planos para lançar um novo trabalho ainda neste ano.

Festival Suave

Mesmo em grandes eventos, a busca pela calma e suavidade está presente. É o caso do Festival Suave (www.festivalsuave.com.br), organizado pela produtora Tertúlia, de Curitiba, e que será realizado nos dias 9, 10 e 11 de maio em Ilha Comprida, Litoral Sul de São Paulo. Segue a trilha do já consagrado Psicodália, que acontece em Santa Catarina. Um festival para acampar, aproveitar a natureza, fazer novas amizades e, é claro, curtir um som. Também há outras atividades, como aulas de yoga e outras oficinas.

Entre as atrações desse evento de estreia estão Du Gomide, Curumin, Leo Fressato, A Banda Mais Bonita da Cidade, Trombone de Frutas, Estrela Leminski e Téo Ruiz, e Metá Metá.

Vira o Disco

Em 2008, os americanos, que adoram uma estatística, descobriram que 97% dos jovens dos EUA nunca haviam entrado numa loja física de música. A constatação fez com que os comerciantes de discos criassem o Record Store Day, que tem como objetivo levar as pessoas de volta às lojas promovendo, entre outras ações, shows ao vivo. Ou seja, de novo a proposta de promover o encontro entre artistas e público.

Hoje, 700 lojas aderiram por lá. Por aqui, a Livraria Cultura comprou a ideia e desde 2012 promove o Vire o Disco, um dia com pocket shows, discotecagem e descontos em suas lojas. Neste ano acontecerá no domingo depois da Páscoa, dia 27 de abril.

Em Curitiba, se revezarão pelo palco, pela ordem, Rodrigo Del Arc, Emerson Caruso Trio, Willbilly Rawide e Rosie Mancato. Além do show, os músicos também batem um papo com a plateia, com a intermediação de Paulo Dalla Stella, que já produz o talk show Curitiba Connection, outro projeto bacana da livraria.

Bons e suaves encontros a todos.

Bernardo Bravo e Janaína Fellini em “Estrela da Bilhar”

Rosie Mankato – Chino

Du Gomide em Perdi no Poker

Humanish – Deserto e Algodão

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