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Pra não dizer que não falei dos protestos
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Da coluna Acordes Locais, publicada às quartas, na Gazeta do Povo:

Divulgação
Troy Rossilho lançou seu quinto álbum: Cine Luz

Aqui eu vou falar sobre música, mas queria mesmo é falar sobre os protestos no Brasil. Esses que nos colocaram na rota internacional dos indignados e do Occupy. Tem gente que diz que não entende o que querem os indignados. E isso não acontece só no Brasil. Aconteceu em Paris, em Nova York, na Turquia, em Londres, em Estocolmo, em Santiago, na Primavera Árabe e em muitas outras cidades.

Quais as razões? É como diz a música “Cofre”, de Troy Rossilho (parceria com Luiz Felipe Leprevost), que abre o quinto álbum do músico, “Cine Luz”: “Todo mundo tem motivo/ todo motivo é banal/ toda banalidade dá seus uivos/ como se fosse a coisa mais urgente do mundo…”.

Ao contrário do que pensam os conformados, os protestos não são só pelos centavos do aumento do ônibus. Esse é dinheiro de troco de uísque do Arnaldo Jabor. Tem outros motivos “banais” que vão se acumulando e subindo mais rápido que água de inundação. Tem o mensalão e toda a corrupção que ele representa e que se espalha nos gabinetes dos três poderes. Tem o Renan na presidência do Senado, tem o Feliciano na presidência da Comissão dos Direitos Humanos, as benesses exageradas para os políticos, os magistrados e os apaniguados em cargos de comissão ou recebendo jetons em dispensáveis postos nos conselhos administrativos de empresas públicas.

Brunno Covello / Gazeta do Povo
Manifestação popular de segunda-feira, dia 17 de junho, em Curitiba, na Praça Santos Andrade

Quanta sujeira. É por isso que aqui eu falo de música e não da politicalha, embora para mim as manifestações de rua pareçam arte tão bela quanto os desenhos da Maureen Miranda no disco do Troy Rossilho. Sim, eu queria estar com ela nos teatros e nas ruas, junto com as Uyaras e as Anas. “Preciso de vozes/ cheiro humano com risada/ preciso de vida/ pra descansar a morte”, como diz a pareceria musical de pai e filho Cesar e Troy Rossilho.

Por isso não falo aqui do aumento da inflação e da aparente impotência do governo para domar a economia. Também não vou falar da violência policial que se equipara à violência do bandido e da nossa convivência cada vez mais íntima com a insegurança. Tendência internacional. É global feito a pesquisa do grupo Terra Sonora, que lança no Teatro Paiol de 21 a 23 de junho o seu sexto CD, “Distâncias”, que traz música étnicas de diferentes regiões e épocas.

Catarse

Portanto, ao invés de falar da avalanche de impostos municipais, estaduais e federais que nos impõem em troca de serviços públicos de péssima qualidade, eu prefiro falar aqui de solidariedade e de música.

O excelente Trio Quintina comemora 15 anos de estrada com muitos projetos. A começar pelo show desta quinta (dia 20) no Teatro Paiol, que também marca o início da campanha de arrecadação de fundos pelo site Catarse para a produção de dois CDs coletânea e mais um DVD ao vivo e inédito com a retrospectiva da carreira até aqui. É um dos melhores grupos musicais brasileiros em atividade e você pode colaborar com eles. É só entrar na página deles no Catarse e escolher a sua forma de doação e ainda receber um brinde de volta.

Pira

Então, para que eu vou tentar dar explicações aqui sobre as manifestações de rua se em vez de justificá-las com as más ações do PT, do PSDB e do PMDB que ora está com um ora com outro, dependendo de quem esteja no poder, eu posso falar da nova banda Pira, que reúne Henrique Steffen (guitarra), Allan Branco (baixo) e Felipe Souza (bateria).

Assim como nos protestos, que reúnem gente de todas as idades, gêneros, etnias, gostos musicais e times de futebol, eles fazem uma mistura de som não apenas reunindo, mas integrando e harmonizando blues, rock, acid jazz e brasilidades.

Eles, da Pira, acabam de lançar um CD demo, que tem a participação especial de Paulo Branco e traz um som instrumental envolvente e empolgante que pode servir de fundo musical para uma geração de indignados.

Leis do Avesso e Renê Bernuncia

Se fosse falar dos protestos, não teria espaço para falar do “3 Palavras”, novo CD da Leis do Avesso, nem do Unique Salad Musique, reestreia de Renê Bernuncia, ex-integrante do Boi Mamão e Sugar Kane, depois de oito anos sem gravar. O espaço e a vida são curtos e por isso é preciso protestar mais e falar e fazer mais arte e política. Afinal, o povo unido é gente pra c***.

Vídeo do Troy Rossilho:

Vídeo do Trio Quintina:

Músicas da banda Pira:

Músicas da banda Leis do Avesso:

Músicas da banda Unique Salad Musique:

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