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O IBGE divulgou nesta semana pesquisa apontando que as trabalhadoras brasileiras ganham 23,6% menos que os trabalhadores. Dados do Cadastro Central de Empresas (Cempre) revelam que, considerando o universo de pessoas ocupadas assalariadas, os homens receberam em média R$2.708,22 e mulheres R$2.191,59 no ano de 2015.

Isoladamente, esses números são somente estatísticas. Se não estudados e analisados, pouco vão ajudar no desenvolvimento do mercado. Sabemos, contudo, que, esses mesmos números colaboram no entendimento de fatores que levaram o público feminino a crescer no mercado nas últimas décadas. Então, o que permite essa remuneração desigual ainda nos dias de hoje?  Talvez o principal problema é que a resposta não seja única. E, pasmem, o fator ‘preconceito’, que geralmente vem carregado com esse tipo de levantamento, pode ser o que menos impacta na diferença salarial entre homens e mulheres.

Um fator a favor do mundo masculino é que eles sabem desempenhar um papel ‘corporativista’ e isso gera um maior grau de confiança, principalmente no momento das movimentações dentro das empresas. Abordar esse assunto desta forma é desagradável, mas estou tentando trazer a realidade para o mercado.

O homem, por ter mais tempo para o trabalho, acaba por participar mais de eventos ‘paralelos’ ao dia a dia de trabalho. Futebol, o chopinho depois do expediente, o tempo livre para ficar até mais tarde para finalizar uma determinada tarefa. Aqui é que muitas vezes aflora a tal da ‘confiança’. Veja, não que as mulheres não sejam confiáveis. É que os homens ‘embrulham’ o pacote melhor, não por saberem disso, mas porque vivem no contexto que se permite a isso.

Todo esse contexto não tem nada a ver com preconceito velado. Em décadas de atividades em grandes empresas, posso afirmar categoricamente que nunca uma organização chegou a mim e disse: “Contrate um executivo com esse perfil. Se homem oferte R$30 mil, se mulher oferte, R$25 mil”. Isso nunca ocorreu e acredito mesmo que não ocorra descaradamente.

As diferenças acabam sendo implícitas ao longo da carreira. Voltando a falar na mulher profissional, temos alguns pontos que acabam por deixa-las em desvantagem e que elas terão que trabalhar no futuro. O homem, não fica ‘grávido’. Esse é um primeiro ponto. Muitas vezes a mulher decide interromper a carreira, mesmo que momentaneamente, para viver a maternidade, muitas vezes mais de uma vez ao longo da vida profissional. Enquanto isso, homens, na mesma idade e formação seguem com a carreira. Isso cria um abismo.

Outro ponto é que a mulher nos dias de hoje é multitarefa: profissional, mãe, esposa, do lar … É ela quem acaba por resolver tudo, sobrando pouco tempo para ficar até mais tarde no trabalho, para participar de atividades paralelas e, consequentemente, não consegue expor o seu grau de ‘confiabilidade’.

Não existe uma bula, uma cartilha ou pílulas que nos ofereçam o Norte de como resolver esse dilema. Mas, certamente as mulheres precisam continuar trilhando o caminho que vêm fazendo até aqui: buscando a melhor educação, atualizando-se e impondo-se no mercado. Mas isso a gente vê que já não basta.

O que ela precisa agora é parar e olhar para si e encontrar essa resposta. E um bom começo é dividir ainda mais as tarefas diárias da casa: família, filhos e atividades domésticas precisam ser dividias igualmente. Não basta o homem tirar o lixo da cozinha e pronto, precisa participar. Desta forma terá mais tempo para se dedicar à carreira.

Com maior tempo livre, a mulher pode encontrar meios para realçar a sua confiabilidade, somente assim vai concorrer de igual para igual nas promoções. Esses dois tópicos por si já dariam mais um bom salto na igualdade por salários entre homens e mulheres no mercado brasileiro.

Para as empresas fica uma grande dica quando se deparar com a ‘mulher mãe’. Percebam que após a maternidade elas estão mais maduras, convictas, decididas, com maior capacidade de produzir em menos tempo, vai direto ao problema. Isso só a gestão dá ao ser humano. Implicitamente essas experiências serão trazidas para o dia a dia do trabalho. A mulher, ao se deparar com problemas, vai querer ir direto ao assunto: onde doí? Ou seja, após a gravidez a assertividade aumenta, com equilíbrio emocional. Logo, se o mercado perceber isso com maior profundidade, a mulher terá um bom trunfo nas mãos a lapidar e certamente as ‘estatísticas’ futuras mostrarão um grau de igualdade mais próximo na remuneração entre gêneros.

 

 

 

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