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Houve um tempo em que as empresas utilizavam de inúmeros dispositivos para buscar o engajamento e alto grau de felicidade das pessoas, tentando de alguma forma deixar a sensação de que aquela companhia era única e que o colaborador, se fora dela, dificilmente encontraria algo parecido no mercado.

Para isso, termos como ‘vestir a camisa’, ‘time’, ‘essa é a minha segunda família’, acabaram sendo exaustivamente utilizados e com certa eficácia, pois as pessoas compravam essa ideia. Só que no momento de dar a contrapartida, as empresas não conseguem aliar o discurso e prática, por um simples motivo: são conceitos incompatíveis.

Certa vez estive participando de um congresso. O líder de uma grande companhia nacional foi indagado por um jornalista: “Qual é o seu maior ativo hoje”, perguntou o repórter. Cheio da razão e sem titubear o empresário disse: “Sem dúvida as pessoas”. Um tempo depois parte desse ativo foi demitido e a justificativa era que as finanças da empresa precisavam ser reequilibradas.

Ao entrar em um momento de crise as empresas terão que demitir, terão que cortar salários, se precisar terão que desligar o camarada no retorno de suas férias (o que a meu ver é totalmente inadequado, e algo que ainda é comum no meio corporativo) e terão que tomar medidas que desagradam as pessoas. Aí, vem a questão: vestir a camisa? Essa é a minha família? Time? Que time?

As novas gerações foram chegando as organizações e estão mais atentas a esse tipo de discurso, que se aplicado soa como demagogia. Então é a vítima? Hora, não há bandidos nem mocinhos na relação de trabalho. Se o funcionário tiver que receber uma nova proposta, mais atrativa em diferentes sentidos, a empresa pode até ser uma ‘mãe’, mas ele também não vai deixar de avaliar e quem sabe deixar a companhia. E isso não é errado.

O mercado de trabalho funciona desta forma. As empresas precisam de lucros para sobreviver, as pessoas precisam de bons empregos com bons salários para poderem custear suas despesas. Essa é a regra número um. Para alcançar bons resultados as corporações necessitam de pessoas motivadas e comprometidas com o resultado. Por outro lado, as pessoas necessitam de empresas que ofereçam condições adequadas para que suas atividades possam ser realizadas. Se tiver um ambiente agradável, feliz e com boas condições, isso será facilitado, sem demagogias.

Buscar novas formas de engajamento do público interno, pautado no respeito, no reconhecimento e na verdade são as melhores formas de se ter um público interno ativo, e com resultados palpáveis. Encarar as empresas onde trabalhamos como  organizações que necessitam de lucros para sobreviver e que a mesma necessita do seu trabalho é uma forma madura e coerente da sua parte como empregado. Afinal, lá na entrevista você também ‘vendeu’ uma imagem de ‘competente e apto para aquela oportunidade’. É só seguir o combinado, que o restante vem com o passar do tempo.

A regra ficando clara para todos os lados, não haverá espaço para demagogia e os resultados serão bons para empresas e empregados. Fica a dica!

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