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Cerca de 40% dos entrevistados pela AP/GfK disseram duvidar de que a Terra tenha mesmo 4,5 bilhões de anos. (Foto: Divulgação/Nasa)
Cerca de 40% dos entrevistados pela AP/GfK disseram duvidar de que a Terra tenha mesmo 4,5 bilhões de anos. (Foto: Divulgação/Nasa)| Foto:

Dado muito, muito preocupante levantado por uma pesquisa Associated Press-GfK. Aquele ceticismo em relação à evolução e ao aquecimento global está afetando também o Big Bang, que se julgava muito menos controverso que aqueles outros dois temas. A pesquisa apresentou diversas afirmações tidas como verdadeiras pela ciência, e encontrou-se um padrão: as pessoas demonstram mais certeza sobre aquilo que está próximo de nós. Poucos duvidam da relação entre cigarro e câncer (4%), ou de que temos um código genético que determina nossas características físicas (8%). Mas a coisa muda de figura diante de afirmações como as de que a Terra tem 4,5 bilhões de anos ou de que a temperatura do planeta está subindo: o ceticismo chega a 40%. Mas ainda assim é menor que as dúvidas sobre o Big Bang: 51% questionam a teoria.

Terra vista do espaço

Cerca de 40% dos entrevistados pela AP/GfK disseram duvidar de que a Terra tenha mesmo 4,5 bilhões de anos. (Foto: Divulgação/Nasa)

Existem outros padrões, também. Simpatizantes ou filiados ao Partido Democrata se mostraram mais propensos a aceitar as afirmações sobre aquecimento global, evolução, a idade da Terra o Big Bang que os republicanos. E a pesquisa ainda descobriu que, quando mais forte a crença em um ser superior, maior o grau de questionamento em relação a essas teorias. É um dado lamentável, e que revela uma falha grave na tentativa de comunicar a compatibilidade entre a fé religiosa e as descobertas da ciência. Ou estamos nos comunicando mal, ou as pessoas não estão tendo a capacidade de entender o que estamos dizendo. Ou existe algum ruído no meio: basta ver como a Associated Press deu mais espaço a cientistas que defendem o paradigma do conflito entre ciência e religião que aos que defendem o paradigma da harmonia (também considero uma falha os repórteres não terem mencionado que o pioneiro da teoria do Big Bang foi um padre católico, o belga Georges Lemaître). Isso acaba reforçando o antagonismo. O que me veio imediatamente à cabeça foi o livro Unscientific America, que resenhei no blog e na revista Dicta&Contradicta.

É uma pena. Uma sociedade que começa a duvidar das descobertas da ciência não tem um futuro muito brilhante pela frente. Isso aumenta a responsabilidade dos líderes religiosos, além daqueles cientistas que não deixam ideologias antirreligiosas contaminarem seu trabalho. Como conquistar essas pessoas para a ciência mostrando que não precisam abandonar sua fé?

Conferência de ciência e religião em São Paulo

Ainda estão abertas as inscrições para uma conferência de ciência e fé que ocorrerá em São Paulo no feriadão de 1.º de maio. Este blogueiro estará presente, moderando mesas-redondas com a participação dos palestrantes. Infelizmente tivemos o desfalque do padre Lucio Florio, mas temos vários outros conferencistas de muita qualidade!

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