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Uma visão artística sobre a Terra primitiva, ainda sendo bombardeada por asteroides. Segundo Jeremy England, do MIT, as condições encontradas na Terra tornariam o surgimento da vida inevitável, e não apenas um mero acidente. (Imagem: Nasa's Goddard Space Flight Center Conceptual Image Lab)
Uma visão artística sobre a Terra primitiva, ainda sendo bombardeada por asteroides. Segundo Jeremy England, do MIT, as condições encontradas na Terra tornariam o surgimento da vida inevitável, e não apenas um mero acidente. (Imagem: Nasa's Goddard Space Flight Center Conceptual Image Lab)| Foto:

O blog volta do seu recesso de fim de ano comentando um texto bem interessante publicado sábado passado na Salon. O escritor/ativista/colunista Paul Rosenberg descreve o trabalho de Jeremy England, um professor do MIT que está usando as leis da termodinâmica para explicar (aqui resumindo muito rapidamente; sugiro ler o artigo) como o surgimento da vida na Terra não teria sido acidental, mas quase que necessário, dadas as circunstâncias adequadas para tal.

Uma visão artística sobre a Terra primitiva, ainda sendo bombardeada por asteroides

Uma visão artística sobre a Terra primitiva, ainda sendo bombardeada por asteroides. Segundo Jeremy England, do MIT, as condições encontradas na Terra tornariam o surgimento da vida inevitável, e não apenas um mero acidente. (Imagem: Nasa’s Goddard Space Flight Center Conceptual Image Lab)

A coisa fica ainda mais interessante porque especialmente a Segunda Lei da Termodinâmica é um argumento usado por criacionistas de Terra jovem para combater a teoria da evolução. Rosenberg explica por que essa argumentação é equivocada, embora as consequências do trabalho de England, se ele estiver certo, vão muito além de ser uma simples refutação de argumentos criacionistas. Seria algo revolucionário.

No seu texto, Rosenberg começa tratando do ódio dos criacionistas a Charles Darwin, e inclusive faz as ressalvas corretas: ele afirma que, embora a explicação de Darwin não exija uma ação divina para a variedade da vida na Terra, o naturalista britânico também não excluiu Deus, o que muitos criacionistas parecem incapazes de entender, diz o autor. Logo em seguida, diz que Darwin também não tinha nada a dizer sobre como a vida surgiu, “o que ainda deixa um bom espaço para Deus”, e acrescenta: para quem gosta de pensar assim. Esse trechinho final indica de quem estamos falando: dos seguidores do “Deus das lacunas”, aquela divindade evocada unicamente como explicação daquilo que a ciência não explica. De fato, para quem adere ao Deus das lacunas, uma comprovação de que a vida na Terra surgiu por processos puramente naturais seria devastadora. Mas, para quem compreende Deus não como um preenchedor de lacunas, mas como um ser pessoal, cuja relação com o universo é a de sustentá-lo com Sua vontade, um Deus que é encontrado naquilo que se conhece sobre o mundo, e não sobre aquilo que se ignora, o trabalho de England teria um efeito contrário: ficaríamos ainda mais maravilhados com a genialidade da obra divina.

E é assim que chegamos ao título do texto de Rosenberg (que não sei dizer se é sugestão do próprio autor ou se foi decisão do editor da Salon): “Deus nas cordas: a brilhante nova ciência que deixa aterrorizados os criacionistas e a direita cristã”. Não é Deus que está nas cordas; quem está nas cordas é a caricatura da divindade, o Deus das lacunas. Talvez seja uma distinção elaborada demais para caber num título…

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