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你们好!

Ni men hao!

Quanto tempo sem notícias da China! Mas eu tenho uma excelente desculpa para isso e vocês vão me perdoar assim que souberem a razão.

Para falar a verdade, fiquei pensando se deveria ou não escrever sobre este assunto, mas cheguei à conclusão de que estaria prestando um favor a vocês e a mim não omitindo pelo que estou passando recentemente. Afinal de contas, minha vida privada deixou de ser tão privada assim desde que me propus a escrever este blog.

Aliás, quando estive em Curitiba no início do mês, eu e Dudu fomos reconhecidos na rua por uma leitora que me parou para perguntar “Chris? Você é a Chris do blog?” Nossa, me senti a última Coca-Cola do deserto! Eu e principalmente o Dudu que contou para todo mundo que ELE tinha sido reconhecido na rua.

Recadinho: Querida leitora com seu cachorrinho que me reconheceu na feirinha da Água Verde, adorei seu carinho e de sua mãe!!! Beijos.

Bom, vamos deixar de chameguinhos e ir logo ao ponto.

Em maio deste ano, senti no meu seio um nódulo grande demais em relação aos outros que normalmente costumava observar. Aquilo foi me incomodando a ponto de eu começar a sentir íngua na axila. Obviamente, corri para Internet e vi que esse poderia ser o sintoma de um câncer de mama. Ir a um hospital chinês para falar deste assunto estava fora dos meus planos, já que em um mês estaria de partida para o Brasil.

Todos os dias, várias vezes por dia, eu passava a mão no seio e ia tendo mais e mais certeza de que não estava diante de algo inofensivo. Um dia, na premência de dividir aquilo com outra mulher, chamei a Aijiao (minha nova empregada que vocês ainda não tiverem o prazer de ser apresentados) e a fiz passar a mão no meu peito. Fico imaginando o que ela não deve ter pensado ao ver a gringa de meia idade cometendo assédio sexual explícito para cima dela.

 

Aijiao, nova ayi chinesa

Aijiao, nova ayi chinesa

Aijiao, meu novo anjo da guarda que está substituindo a Liu à altura! E como!

Resgatei da memória meus últimos check ups e percebi que havia feito uma ultrassonografia de mama, em janeiro de 2013, aqui na China. Lembro da médica passando e repassando o aparelhinho em meu seio direito e dizendo que aquilo era água: 水! 水! 水! Bom, como na China a gente nunca tem certeza de nada, pode até ser que ela estivesse gritando “Perigo! Perigo! Perigo!”.

Lembrei também que, em julho de 2013 no Brasil, fiz uma mamografia que não mostrou absolutamente nada. Parênteses: Queridas leitoras, este foi um aprendizado e tanto que quero dividir com vocês: nem sempre a mamografia consegue detectar um nódulo se sua mama for densa. E densa não significa grande, mas digamos assim, consistente.

 

Laudo médico em mandarim

Laudo médico em mandarim

Dá para imaginar o que é receber um laudo desses? E dá para não comentar que letra de médico é uma $%&*@ em qualquer lugar do mundo?

Desde então, um ano inteiro se passou até chegar a este momento fatídico onde percebi que meus dias não seriam mais os mesmos. Resumindo: aproveitei minha ida ao Brasil, fiz ultrassonografia, punção, tomografia de não sei o que, cintilografia de não sei aonde, colonoscopia e a inevitável cirurgia de mama.

E quem pagou por esta farra por toda? Bom, aí vai mais um aprendizado para quem pretende vir morar na China.

No ano em que chegamos aqui, fizemos um plano de saúde internacional cujo valor era (ainda é) de R$ 14.000/ ano para uma família de 5 pessoas como a nossa. No início, tudo ia bem, até que eles começaram a não querer reembolsar mais nossas raríssimas consultas ao médico alegando “doença pré-existente”. Bom, na minha idade, acho que 99% do que eu tenho é reincidente. E, como aqui ainda não tem Procon, quando eles decidem não reembolsar, o caso está quase perdido. Então, do alto da minha arrogância, decidi cortar o plano e viver com o seguro saúde da empresa do Luiz que cobre apenas hospitais chineses.

E daí que cubram apenas hospitais chineses? A questão é que eu, assim como a maioria dos expatriados, não acredito que os chineses já conseguiram se atualizar no que tange a medicina, depois do estrago da recente Revolução Cultural.  Além disso, esses remédios naturais chineses podem ser muito interessantes quando você tem um resfriado, mas se sua doença é uma questão de vida ou morte, melhor se render à indústria farmacêutica ocidental e deixar a acupuntura para sua dor nas costas. Portanto, ter um plano de saúde que cubra os hospitais de Hong Kong e fora da China dá uma tranquilidade ímpar.

Bom, agora, acreditem ou não, no meio do ano passado eu comecei a ter umas premonições ou intuições (ou seja lá o nome que vocês queiram dar para isso) de que a gente precisava ter um plano que cobrisse tratamento oncológico e doenças pré-existentes. Um dia, uma amiga israelense nos ofereceu para entrar num contrato coletivo e acabamos fechando com a mesma seguradora de antes. Bom, o resultado é que eles estão sendo ab-sur-da-men-te profissionais e reembolsando tudo com a maior agilidade! O nome do plano é Aetna.

Voltando à vaca fria, todos os exames que fiz deram negativos com exceção de um nódulo contaminado na axila que fez com que os oncologistas, com os quais conversei no Brasil, me dissessem que eu não ia escapar da quimioterapia: 6 sessões de 3 em 3 semanas.

E aí, leitores? Ficar ou não no Brasil? Me entregar ou não nas mãos de um médico chinês?

Bem, aí do Brasil mesmo entrei em contato por email com o Hospital Adventista de Hong Kong que tem um avançado centro de oncologia.  Eles prontamente agendaram uma consulta e pediram para eu ir enviando os resultados dos exames traduzidos para inglês. Senti que a coisa era profissional e resolvi que lugar de mãe e esposa é do lado da família. China, agora é com vocês!

Adventist Hospital Hong Kong

Adventist Hospital Hong Kong

Nos próximos 6 meses esse será certamente meu segundo lar.

Ontem estive finalmente lá e, antes de mesmo de acabar de abrir a porta da recepção, já fui recebida pela funcionária chinesa falando em inglês perfeito: Mrs. Dumont?

O médico que me atendeu, Dr. Stephen Law (apesar do nome, ele é mais chinês do que o Jack Chang), estudou oncologia pela cartilha britânica a ponto de não saber ler bula de remédio em mandarim. Não estou de sacanagem não. Ele pediu para ver minha bombinha de asma e teve que passar para enfermeira traduzir, por que a embalagem estava em chinês. Que cazzo de língua é esta que você não consegue ler mesmo sendo sua língua materna?

Voltando, Dr. Law, que já tinha analisado todos os exames que enviei do Brasil, me receitou exatamente o mesmo tratamento que os oncologistas brasileiros haviam mencionado.

 

Dr. Law do Hong Kong Adventist Hospital

Dr. Law do Hong Kong Adventist Hospital

Ele é ou não é super simpático? E pelo visto, competente também!

Enfim, semana que vem começa a quimioterapia e, graças a Deus, estou me sentindo muito bem amparada. Como não quero mudar o tema deste blog de “China” para “Câncer de Mama”, preferi não relatar as emoções que me invadiram ao longo deste último mês. Mas se alguém quiser conversar comigo sobre este assunto, terei o maior prazer em dividir mais essa experiência. Meu e-mail, vocês já sabem: christianedumont@hotmail.com

Bom, e agora, quais os próximos passos?

Comprar uma peruca é claro. Mas vamos guardar esta aventura para um próximo post.

再见

Zai jian

 

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