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Meu nome é Christiane e sou ex-colaboradora da Gazeta do Povo em Curitiba. Estou morando na China, há pouco mais de um mês, e todos os meus dias são recheados de experiências surpreendentes as quais pretendo contar neste blog, a partir de hoje. Não esperem por análises político-econômicas nem antropológicas sobre o surpreendente crescimento mercadológico da China. Este blog será uma espécie de diário de bordo de uma família brasileira, tentando sobreviver num país completamente diferente do Brasil, e suas primeiras impressões. Importante, portanto, que vocês entendam quem somos nós e como tudo começou.

Luiz, meu marido, veio para China ano passado onde passou 20 dias trabalhando e voltou completamente apaixonado por este país. Para provar, fez uma tatuagem no braço usando ideogramas em mandarim que querem dizer amor e família. Meu chinês ainda não é bom o suficiente para eu ter certeza de que foi isso mesmo que ele tatuou e, pelas mudanças que a China vem efetuando em sua personalidade, tenho medo de descobrir outros significados menos nobres.
Bom, não bastasse estar apaixonado pela China, Luiz pediu emprego na filial chinesa da sua empresa e conseguiu! Desde o dia 17 de julho, passamos a ser os mais novos moradores de Shenzhen (no sul da China, em frente a Hong Kong).

tatuagem 1

 

Shenzhen

Além de mim e do Luiz, nossa família é composta do Fernando, meu enteado de 21 anos, Mariana, Marcos e Eduardo, nossos filhos de 15, 12 e 9 anos respectivamente. Para um país onde os casais só podem ter um filho, começamos de forma super adequada!

 

Família
Assim que soubemos da mudança para China, ainda no Brasil, passamos por várias fases.
Primeira – Negação: China, nin fe lando! Não poderemos levar nosso gatinho sob o risco dele virar Shop Suei ou Gato Xadrez! E nossos pais? Longe de nós e dos netos? Su gilu ficá.
Segunda – Aceitação: Lá é tudo super barato. É perto da Austrália, da Índia, Tailândia, Japão. Num mundo globalizado, a China é logo ali.
Terceira – Euforia: Vamos ganhar dinheiro! Não sei se importo lâmpada de led, peça de Jet ski, cobertor de seda ou pashmina. As crianças, sabendo que iriam para uma escola americana, já se viam cantando as músicas do High School Musical felizes pelos corredores

Quarta – Medo: Onde vamos morar? O que vamos comer? Como vamos nos comunicar? O que fazer com os móveis daqui? O que a gente leva e o que a gente deixa? E se a gente ficar doente? E se, e se, e se…..
Quinta – Praticidade: Resolvi parar de reclamar e me preparar para esta nova fase da vida. Antes de sair do Brasil, li os excelentes livros da Sônia Bridi, Laowai , e do Gilberto Scofield, Um Brasileiro na China , além de fazer cursos de importação/exportação e de mandarim.
Ah, o mandarim! Que simplicidade. São 50 mil ideogramas, mas dá para se comunicar com apenas 2.000. Os verbos não flexionam. Não tem presente, passado ou futuro. Não tem masculino ou feminino. Não tem artigo definido ou indefinido. Existem 5 tipos de entonação e, para saber qual delas usar, você aprende uma segunda língua: o pinyin.  Ou seja, a promoção do ano: compre uma língua e leve duas!

Ainda no Brasil, Luiz baixou um aplicativo no iPhone que traduz chinês para português e vice-versa. Fui testar. Falei a única frase que sabia de cor: wo shi baxi ren  (“eu sou brasileiro” em pinyin). O iPhone traduziu como “oitenta e sete mil marionetes”! Ah, tá!

Já na China, ignorando minha marcante experiência com o iPhone (tecnologia demais!), tentei estabelecer um contato imediato de terceiro grau com um taxista: abri um sorrisão bem brasileiro e mandei na lata: wo shi ba xi ren. Sabem o que aconteceu? Nada. Simplesmente nada. Ele nem sequer percebeu que eu estava falando com ele. E eu, que estava esperando alguma reação do tipo Pelé, futebol, Gisele! entendi que aqui, meus amigos, o buraco é bem mais embaixo. Literalmente!

 

 

 

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