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你们好,

Ni men hao,

Dizem que se Adão e Eva fossem chineses, o pecado original não existiria: o casalzinho teria comido a cobra e não a maçã. É, faz sentido.

O que também tem feito sentido para mim, depois da surpresinha de 2014, é um novo significado que descobri para o pecado original. Acho que a grande maldição a qual o ser humano, de qualquer raça, está condenado é a de só entender a vida através da comparação. O famoso “take for granted”, ou como diz a letra da música “ Let Her Go” do Passanger:

“Bem, você só precisa da luz quando está escurecendo
Só sente falta do sol quando começa a nevar
Só sabe que a ama quando a deixa ir
Só sabe que estava bem quando se sente mal
Só odeia a estrada quando sente saudade de casa
Só sabe que a ama quando a deixa ir
E você a deixou ir”

(Tradução)

É por este motivo que eu acredito que o câncer que tive (verbo devidamente conjugado no Pretérito Perfeito) me trouxe mais coisas boas do que ruins. Não, leitores, a quimioterapia não afetou meus neurônios. Obviamente, que os efeitos colaterais do tratamento não são nada agradáveis, mas os ganhos emocionais foram imensos!

Se eu pudesse acrescentar alguns versos à música “Let Her Go”, eles seriam mais ou menos assim

* Você só dá valor à liberdade quando não tem forças para acompanhar a família num passeio de fim de semana;

* Você só dá valor ao arroz com feijão de todos os dias quando o gosto amargo na sua boca transforma tudo numa prato de fel;

* Você só vê o real valor das redes sociais quando consegue, através delas, levar/receber uma palavra de incentivo a/de desconhecidas que não estão conseguindo lidar tão bem com o câncer;

* Você só entende o quão crítico e egoísta vinha sendo quando recebe palavras de apoio das pessoas que você julgava tão desimportantes;

* Você só dá real valor às amizades quando sua amiga de infância fica enviando mensagens, ao longo do dia, lembrando que você precisa beber muita água para diminuir os efeitos da quimio;

* Você só entende o poder da oração quando ela passa a ser o único remédio possível para amenizar suas dores;

* Você só sente a força do sentimento maternal quando tem plena convicção de que “mil vezes você com câncer, do que qualquer um dos seus filhos (e, no meu caso, enteado também)”;

* Você só entende o real sentido do casamento, quando seu marido continua ao seu lado dizendo “você está linda”, apesar de estar jogada à frente da TV num sábado à noite, magra, com olheiras e totalmente careca;

* Você só sente a força dos laços familiares quando seus pais, aos 80 anos de idade, viajam 36 horas do Brasil até a China só para passar o natal ao seu lado;

* Você só dá valor à saúde quando a perde.

 

Felizmente, no meu caso, uma perda apenas momentânea, mas muito, muito, muito esclarecedora. As 6 sessões de quimioterapia já terminaram e agora vem a parte mais leve do tratamento.

Leitores e amigos, eu desejo que em 2015 consigamos enxergar o valor das pequenas coisas boas da vida e a real importância daquelas as quais nos acostumamos por conta da rotina, sem precisar perdê-las por um só minuto.

E vamos à contagem regressiva, ou melhor, progressiva!

 

 

Primeira Quimio

Primeira Quimio

 

Segunda Quimio

Segunda Quimio

 

Terceira Quimio

Terceira Quimio

 

Quarta Quimio

Quarta Quimio

 

Quinta Quimio

Quinta Quimio

 

Sexta Quimio

Sexta Quimio

 

FELIZ 2015! SAÚDE!

 christiandumont@hotmail.com

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