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Uma família chinesa no Brasil Parte 2
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Ni Hao,

Sabe o que mais nos faz falta aqui no Brasil? Nossa “capa da invisibilidade”. Na China, a gente comenta sobre tudo e todos, na frente da pessoa comentada, com a tranquilidade de não estarmos sendo entendidos por ninguém. Não passa um chinês esquisito por nós que não vire logo piada da família.

Aqui, precisamos nos controlar o tempo todo para não falar “esse taxista tá nos passando para trás” em alto e bom som, sentados no banco de trás do taxi. Isso sem falar dos palavrões horrorosos que saem de nossas bocas, mas que, para nós, não possuem mais seus significados originais. (Abro parênteses para pedir desculpas pelo que meus amados filhinhos vêm publicando no Facebook, Skype e afins. Perdoem esses arremedos de “crianças da terceira cultura”!)

Voltando, como falei no post anterior, nem tudo são flores na cidade maravilhosa.
O aeroporto do Galeão (Tom Jobim para quem preferir) está de doer! Não chega aos pés do aeroporto de Shenzhen! No banheiro não havia papel higiênico nem sabonete e a pia estava entupida. Para pegar as malas na esteira, foi a maior complicação. Toda hora as malas caíam ou se acavalavam umas sobre as outras obrigando seu desligamento. Levamos uma boa meia hora para resgatar toda a bagagem.

Na saída do aeroporto, um rapaz da Síria me pediu ajuda para telefonar do orelhão. Nem eu nem ele sabíamos como usar o telefone público: Ficha? Moeda? Cartão? Quem não tem, compra onde? Decidi ligar a cobrar. Tentei ler as instruções, mas não havia nada em inglês e o texto em português era pequeno demais para os meus 47 anos. Olhei em volta e não havia nenhum balcão de informações. Fiquei com pena do gringo que estava, visivelmente, perdido no aeroporto e de mim que estou, definitivamente, envelhecendo.

Chris Dumont

Ainda sobre infraestrutura, estou andando de metrô todos os dias e a comparação é inevitável. O daqui não se parece muito com o de Shenzhen que, além de mais claro, limpo e arejado por só ter 5 anos, possui um vidro que separa o trem da plataforma e protege as pessoas de quedas involuntárias (ou voluntárias, em se tratando de China). Fico realmente aflita ao ver, aqui no Rio, aquele povo todo se aglomerando tão perto do vão do trilho com os pezinhos ultrapassando a faixa amarela!

Além disso, aqui as pessoas leem revistas, livros e jornais enquanto viajam. Na China também, só que em seus iPads e iPhones, sem medo de serem assaltados.

No entanto, na categoria educação, China e Brasil estão páreo a páreo! Nas escadas rolantes, as pessoas não deixam o lado esquerdo liberado para os que estão com pressa e, quando o trem abre as portas, é o maior empurra-empurra entre quem sai e quem entra do vagão. Falamos tão mal da chinesada e fazemos igualzinho!

Divulgação

Outra semelhança entre China e Brasil que me surpreendeu bastante foi o trânsito. Acostumei-me a dizer que os chineses são barbeiros, mas confesso que venho pensando em tomar Valeriana toda vez que entro num taxi carioca. Todo mundo corta todo mundo, buzina, freia em cima do carro da frente… e, aqui, como lá, falar ao celular é tão normal quanto trocar de marcha. A diferença é que, aqui, entendemos o que o motorista fala.

Outro dia, por exemplo, quase pedi desculpas para o taxista pela minha inoportuna presença em seu carro: “alô, não posso falar agora, tô tripulado, depois te ligo por que quero te falar uma coisa, não é nada sério, não, não se preocupa, não vou falar agora, espera eu destripular, não inventa, não vou falar agora!para com isso! cê tá me irritando! para!….”

Irritante também são as obras em Copacabana que possuem mais buracos do que trabalhadores. Na China, eu sei que já falei isso milhões de vezes, mas não canso de repetir, canteiro de obras funciona 7 dias por semana, 24 horas por dia. Eu, sinceramente, não entendo porque obras, em ruas importantes do Rio como a Nossa Senhora de Copacabana, precisam durar semanas e até meses!

Chris Dumont

Bom, para aplacar tanta irritação, nada como tomar um delicioso café da manhã, sentado no balcão da padaria da esquina, colhendo material para o próximo post!

Chris Dumont

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