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A doce gulodice de Carole Crema
Carole Crema vive num universo de fazer inveja. Rodeada de bombons, chocolates, bolos e sobremesas, a chef pâtissier e proprietária da doceria La Vie en Douce, localizada no Jardins, em São Paulo, passa o dia na mais pura tentação e pouco se priva. “Adoro doces e sou muito gulosa! Às vezes, vou a um restaurante e peço todas as sobremesas do cardápio! Quando conto isso, muitos não acreditam, mas é a mais pura verdade. Meu primeiro salário, gastei todo em chocolate!”.
A genética, no entanto, foi bondosa com a paulistana, de 41 anos. Para manter o peso, Carole faz ginástica três vezes por semana, anda a pé e procura sempre fazer algumas compensações. “A minha sorte é que não engordo com muita facilidade”.
Além da loja, Carole dá aulas na Escola Wilma Kövesi de Cozinha, presta consultorias e, no próximo dia 13, estreia no novo reality show gastronômico “Que Seja Doce”, comandado pelo chef Felipe Bronze, no canal GNT. Ela vai dividir a bancada de jurados com os chefs Lucas Corazza e Roberto Strongoli. Três confeiteiros vão disputar o prêmio de profissional mais doce do dia.
O ganhador, além do troféu, terá sua receita publicada em livro ao lado de outros vencedores do programa. A chef é também a apresentadora do “Cozinha Caseira”, do Fox Life.
Como sempre foi inquieta, antes de chegar à gastronomia, Carole passou pelo jornalismo, ciências sociais e, trabalhando em uma agência de viagens, se apaixonou pelo turismo. Decidiu fazer hotelaria. Formada, apareceu uma oportunidade de morar em Londres. A ideia era fazer um curso correlato para melhorar seu currículo.
“Nunca tive a intenção de ser cozinheira. Eu só sabia fazer brigadeiro, estrogonofe e pipoca. Alguns professores me aconselharam a fazer cozinha. Já, no segundo mês, me encantei pela área e percebi que eu havia nascido para cozinhar. Aprendi tudo lá e me dediquei muito. Terminei o curso como a primeira aluna da escola e descobri minha vocação”, lembra a chef, que é formada pela Thames Valley University e The Mosimann’s Academy.
De volta ao Brasil, trabalhou em alguns restaurantes e deu aulas. Naquela época, a Universidade Anhembi Morumbi estava abrindo o curso de gastronomia e Carole vislumbrou a carreira de docente. “Decidi refazer cozinha clássica em Milão, no Instituto La Cultura Alimentare para estar mais preparada para ensinar. Deu certo!”, conta. “Fui a primeira professora contratada, com carteira assinada, de gastronomia do Brasil”.
Após alguns anos lecionando, Carole percebeu que a atividade consumia muito do seu tempo e resolveu ter seu próprio negócio. “Pensei que teria uma vida mais tranqüila. Doce ilusão! Fiz um estudo do mercado e vi que havia carência de doceiras em São Paulo. Assim, em 2002, abri a La Vie en Douce”.
O doce foi uma conseqüência da sua gulodice. “Gosto de fazer doce gostoso e aqueles que todo mundo gosta, como o bolo de coco gelado – um hit em sua loja – maria-mole, brigadeiro, cajuzinho, pudim, bolo formigueiro. Eles não têm nada de gourmet. Vou na contramão da gourmetização de tudo. Sou contra. Não sou confeiteira. Sou uma cozinheira que faz doce gostoso. Doce de alma!”
Onde
Rua da Consolação, 3.161, Jardins, São Paulo (SP) – (11) 3088-7172 e www.lvddoces.com.br.