Bebidas
Drinks com cerveja invadem a coquetelaria
Há quem diga que a cerveja foi feita para ser tomada pura. Outros, porém, apostam na busca por novos sabores. Pode parecer estranho à primeira vista, mas os drinks com cerveja têm se tornado comuns em bares ao redor do mundo e também no Brasil. E a crescente oferta de cervejas complexas apenas incentiva esse mercado que só tende a se espalhar.
Elvis Campêllo, professor do Senac de São Paulo nos cursos de Sommelier de Cerveja e Bartender, afirma que, embora o paladar da maioria dos brasileiros prefira as cervejas Pilsen, elas tendem a dar mais refrescância e não uma gama maior de sabores e texturas, características buscadas em coquetéis.
“A Stout, por exemplo, tem notas de café por conta do malte torrado. As IPA apresentam amargor, as Lambic, acidez, e as Fruit Beer, dulçor. Isso sem falar na carbonatação (o gás presente na bebida), que pode vir das cervejas ou dos espumantes”, explica.
O drink que já virou um clássico mundial chama-se Black Velvet e leva cerveja Stout e espumante brut. No Brasil, as bebidas mais conhecidas são a caipirinha com cerveja e o Submarino, que é feito em três versões, sendo que a mais famosa leva tequila. A cerveja tem chamado a atenção dos bartenders por possibilitar outras leituras sensoriais para alguns coquetéis, e os entusiastas tentam diminuir o preconceito de quem acha que cerveja só deve ser bebida pura e que não se pode misturar fermentados e destilados.
“Apesar de estar se disseminando nos cardápios dos bares brasileiros, os drinks com cerveja são consumidos por sugestão dos mixologistas. Ainda não é um produto que o público chegue no bar e peça. Existe muita cara feia quando se fala de cerveja em drinks”, afirma Campêllo.
Segundo o professor, não há regras na hora de preparar os coquetéis, basta bom senso. É preciso pensar nas bebidas que serão misturadas e procurar o equilíbrio nos sabores colocados no mesmo copo.
“Um suco de pêssego, por exemplo, pode não ficar bem com uma Stout, mas vai combinar perfeitamente com as notas de maracujá de uma IPA. O legal é manter a carbonatação da cerveja para manter a refrescância dos drinks e cuidar para não bater na coqueteleira, correndo o risco de explodir com o gás”, ensina.