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Talentos que engrandecem a gastronomia
Nas próximas semanas, um grupo de jovens cozinheiros egressos de cursos de gastronomia ofertados em Curitiba participa de mais uma edição da prova Novos Talentos, do Prêmio Bom Gourmet. Realizada desde 2010, quando o Prêmio foi lançado, a competição lembra aqueles reality shows de culinária exibidos na TV, onde uma comissão julgadora avalia o talento de chefs em início de carreira, que precisam driblar o nervosismo – e o relógio – para servir preparos saborosos e criativos.
Mas como estão, profissionalmente, os vencedores das quatro edições do Prêmio? Uma das carreiras mais meteóricas é, sem dúvidas, a do chef Lênin Palhano, que saiu de Londrina para fazer história nas cozinhas da capital. Em 2010, quando era subchefe do restaurante Terra Madre, venceu a primeira prova do Novos Talentos. No ano passado, foi o mais jovem a integrar o seleto rol dos Chefs 5 estrelas, enquanto se dividia no comando das cozinhas dos restaurantes Terra Madre e C la Vie.
Após oito anos de experiência em outros restaurantes, Palhano definiu que já era hora de abrir o seu próprio estabelecimento. O empreendimento, em parceria com o empresário Jorge Nacli, será dentro de um hotel-boutique no Batel com previsão de inauguração para o final de outubro. “A proposta do meu restaurante é resgatar os produtos locais e criar preparos mais modernos a partir deles. Minha geração valoriza muito a qualidade dos ingredientes, por isso precisamos estar perto dos produtores, estudar os produtos e entendê-los profundamente”, diz.
Palhano conta que ter vencido a primeira edição do Novos Talentos foi uma grande alegria. “Eu nasci junto com o Prêmio, pois 2010 foi o ano em que me projetei profissionalmente. É muito bom ver que estamos crescendo juntos”, diz o chef, que nas próximas semanas passará por um estágio no restaurante paulistano Esquina Mocotó, nova casa do celebrado chef Rodrigo Oliveira.
Estágios e viagens
Vencedor da última edição, Andre Fontana Pionteke começa uma nova fase. Depois de um ano e sete meses como subchef do C La Vie, pretende viajar e ampliar os conhecimentos na área. “Com a saída do Lênin do restaurante, achei que também era hora de sair e abrir a cabeça para novas experiências”, conta. No começo do ano, Andre estagiou no paulistano Epice, do chef Alberto Landgraf, e vem se programando para viver esta experiência em outras cozinhas. No final de setembro, ele deixa o C la Vie e volta à capital paulista, onde pretende estagiar por duas semanas no Aze Sushi, do chef Edson Yamashita. Ele quer aprender com a culinária asiática a explorar o pouco conhecido umami, considerado o quinto gosto do paladar – além do salgado, doce, amargo e ácido.
“O estágio deve ser algo mais frequente nas cozinhas, pois o cozinheiro faz um intercâmbio de ideias e técnicas que serão úteis lá na frente”, diz o novo talento revelado no Prêmio Bom Gourmet 2013. Para ele, a vitória na prova Novos Talentos foi muito importante para confirmar o que ele aprendeu na jovem carreira.
Os planos do chef de 23 anos são começar 2015 fazendo um “mochilão” que parte de Foz do Iguaçu e passa pela Argentina, Chile, Bolívia e Peru. “Quero experimentar as comidas de rua, ir a lugares mais simples, que realmente possuem os ingredientes regionais e, se possível, ir aos bons restaurantes que utilizam estes ingredientes com novas técnicas, como o Central, do Virgilio Martínez, e o Astrid y Gaston, do Gastón Acurio, ambos em Lima”.
Novos rumos
Outro chef que vem escrevendo uma história de sucesso na cidade é Reinaldo Lauriano Batista, vencedor do Novos Talentos em 2012. Duas semanas após conquistar o título, ele recebeu um telefonema do hotel Deville Rayon com uma proposta de trabalho para chefiar a cozinha. “Duas coisas foram fundamentais na minha carreira: a faculdade, que me deu a oportunidade de competir na prova Novos Talentos, e o Prêmio Bom Gourmet, que me ajudou a conseguir o emprego que tenho hoje”, conta.
Segundo ele, logo que entrou propôs mudanças no cardápio. “Fiz uma pesquisa entre os pratos de maior saída na rede e, o restante, tirei do menu para dar a ele uma cara mais mediterrânea, com foco em frutos do mar, por conta da minha experiência de ter vivido cinco anos em Portugal”. Como o chef havia trabalhado anteriormente na panificadora da família, outra renovação foi implementar uma padaria e confeitaria próprias no hotel, já que até então estes itens eram terceirizados. Hoje, Reinaldo cursa pós-graduação em gestão gastronômica, e tem planos de se aventurar em seu próprio negócio, futuramente.
Em 2011, o coordenador da prova Novos Talentos, Celso Freire, destacou Kaio Vinícius Trevizan, que representava a Universidade Positivo, e Karen Takizawa, indicada pela PUCPR. Um mês depois, a convite do próprio Freire, Karen era contratada pelo restaurante Zea Maïs, onde continua revelando toda sua criatividade como pâtissière há quase três anos. “O Prêmio Bom Gourmet abriu portas para mim que continuam abertas e consolidadas na minha vida profissional”, afirma.
Aos 26 anos, ela se prepara para uma experiência empolgante: um curso de um ano na filial australiana da renomada escola de culinária Le Cordon Bleu. A viagem também é fruto de sua performance, desta vez na promoção “Sobremesa Premiada”, lançada pelo Restaurante Madero em parceira com a World Study em março deste ano. “Só cairá a ficha o dia que eu estiver lá, uniformizada, de frente para os mestres e, com certeza, com um sorriso gigantesco. Mas mesmo assim, ainda vou achar que estou sonhando!”, brinca ela, que garante que suas pretensões são sempre de aprendizado.