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Quem disse que para abrir um grande vinho é indispensável toalhas de linho rendado, porcelana Companhia das Índias, prataria e cristais dos mais finos, e mordomos de luvas brancas? Nada disso. Um grande vinho pede, na essência, comida da melhor qualidade e que combine, pessoas bem dispostas, ambiente alto astral e copos adequados e bem limpos.

Já havia testado e aprovado a tese da simplicidade diversas vezes, algumas delas com o grande Château Mouton Rothschild ao lado do filé mignon do Bar Palácio, o mais antigo restaurante de Curitiba, em funcionamento desde 1930. Aconteceu a primeira vez meio por acaso, há muitos anos, na companhia do saudoso amigo Armando Reis, de São Paulo. Fomos a um jantar rápido no Palácio. Peguei um Mouton 1984, ano mais fraco, mas na época ainda em boa forma. Foi a perfeição, com o ambiente do restaurante e o impecável mignon, para mim o melhor de Curitiba e entre os grandes do Brasil. Repeti mais uma ou outra vez, afinal Mouton não é para todo dia: sempre perfeito.

Desta vez juntei-me a cinco incrédulos confrades e fomos lá. Última sexta-feira de setembro. Restaurante cheio, o ambiente repleto de entusiasmo. Bom começo. Pipocamos um Champagne Bollinger, preferido do espião 007, no caso o sensacional cuvée RD 1996. Muito bem com os petiscos: língua a vinagrete e frango a passarinho. O outro champagne, um Selosse Contraste (blanc de noir), foi posto a refrescar na geladeira, junto das cervejas.

Vieram os mignons: o célebre “à griset” e o “completo”. Também um sumarento e bronzeado filé paranaense. Começamos, ainda antes dos filés, com a magnum de Mouton 1994 (nota 93), ainda jovial, mas já com ares de alguma maturidade. Passamos ao formidável Mouton 1996 (97), aveludado, potente, cheio, entrando na idade do arredondamento, ainda novo. Por fim, o glorioso Mouton 1982 (100), absolutamente suntuoso e arrebatador. Impossível descrever com palavras. A perfeita harmonização dos grandes e sofisticados vinhos com os mignons impecáveis, o ambiente do restaurante e o alto astral da mesa não podiam ter saído melhor. Orquestra afinadíssima. A tese enunciada acima, provada e aprovada com láurea máxima. Mouton no Bar Palácio, sim, senhor!

Para encerrar, o Selosse Contraste, libertado da geladeira das cervejas aos perfeitos 12 graus C, escoltou lindamente um flamejante “Mineiro de Botas”.

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