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Os seis melhores blends tintos do Sul da França por até R$ 150
Situadas no extremo sul da França, junto ao ensolarado Mar Mediterrâneo, as regiões do Languedoc e Roussillon formam uma das mais extensas e produtivas províncias vinícolas daquele país. Até cerca de 20 anos atrás, seus vinhos eram sinônimo de baixo preço e rusticidade. O panorama mudou completamente. Hoje em dia os tintos que ali nascem, das mãos de um grande número de bons produtores, são perfumados e bem temperados. Limpos, com frutado maduro, são vivazes e bem resolvidos. Outra boa notícia é que os preços continuam atraentes. As sadias técnicas enológicas fizeram aparecer a grande qualidade e diversidade dos vinhos dessa área, que possuem registro histórico anterior ao Império Romano.
A região é árida, diversificada e com verões bem quentes. O Roussillon fica junto aos Pirineus, fronteira com a Espanha, na região da Catalunia. O Laguedoc, maior, espraia-se, em direção à Itália, por cidades milenares e balneários famosos até a foz do rio Ródano (Rhône). Há inúmeras sub-regiões e denominações, dentre elas: Corbières, Minervois, Fitoux, Limoux, St-Chinian, Faugères. As cidades mais importantes são Monpellier, Carcassone e Narbone. As castas tintas, entre tantas outras, são as clássicas e muito bem ambientadas: Grenache, Syrah, Mourvèdre, Carignan, Cinsault.
Em lotes variados, raramente em solo, dão tintos com muita vida, extremamente gastronômicos, quentes, vibrantes e perfumados. Os aromas a garrigue, típicos da região, ocorrem muito frequentemente: lavanda, alfazema e alecrim, que florescem juntos e espontaneamente. Há um toque apimentado e especiado, que completa a vida dos tintos, cobertos de frutado maduro.
Testamos para os leitores 10 dos mais expressivos rótulos existentes no mercado, com limite de preço até R$ 150. Foram aprovados com distinção. Vinhos limpos, puros, vivazes, frescos e perfumados, livres do antigo aroma metálico a forte suor de cavalo ou estrebaria, que no passado dominava os vinhos do Languedoc e Roussillon, efeito da brettanomyces (ou “brett”), um fungo suscetível de se propagar no vinho, notadamente em regiões produtoras muito quentes e adegas com menos sanidade. Felizmente coisa do passado.
Divulgamos os seis campeões, boa parte deles com preços muito atraentes . Os vinhos agradecem o arejamento. Cerca de 20 minutos de decanter, ou tempo maior de garrafa aberta. Ou simplesmente servir e deixar arejar um pouco no copo. Temperatura ideal cerca de 17 graus C. São grandes companheiros das comidas: carnes, legumes, massas, terrines. Perfeitos com churrascos e assados em geral. A prova foi realizada às cegas, com amostras dos vinhos servidas em copos numerados, sem que os degustadores soubessem que rótulos provavam. Transcorreu no belo e inspirado restaurante Alessandro & Frederico, no shopping Pátio Batel. O serviço impecável foi realizado pelo competente sommelier Marco Valente. Após os trabalhos, foram servidos perfumados pratos no estilo mediterrâneo, confeccionados pelo chef Adriano Sadowik: legumes grelhados, filé, que harmonizaram lindamente com os vinhos.
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Guilherme Rodrigues é advogado, enófilo, membro de importantes confrarias internacionais. Dedica-se ao estudo e à degustação de vinhos há 25 anos.