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Mestre da Guerra- O estrategista militar é um clássico chinês. Na Era dos Reinos Combatentes (480 – 221 a.C.), esse personagem revolucionou a forma chinesa de guerrear. O mestre de todos os mestres da guerra chineses é Sun Tzu |
Mestre da Guerra- O estrategista militar é um clássico chinês. Na Era dos Reinos Combatentes (480 – 221 a.C.), esse personagem revolucionou a forma chinesa de guerrear. O mestre de todos os mestres da guerra chineses é Sun Tzu| Foto:

Os autores deste Ideias

Rodrigo Wolff Apoloni: jornalista, mestre em Ciências da Religião pela PUCSP e doutorando em Sociologia pela UFPR. É praticante de kung-fu e tai-chi-chuan há 25 anos.

Osvalter Urbinati Filho: é designer e ilustrador. Pratica karatê-do há 20 anos.

Amy Chien : nascida em Taiwan, é professora de mandarim e de caligrafia chinesa.

Pablo Chang: taiuanês, é professor de mandarim.

A afirmação da China como po­­tência econômica global tem efeitos sobre a vida de milhões de pessoas. Hoje, já não há quem não tenha adquirido bens manufaturados em regiões como Shandong ou Zhejiang. Essa massiva presença, contudo, possui um estranho componente. Na medida em que produzem principalmente bens de marcas transnacionais, os chineses ao mesmo tempo estão e não estão em nossas vidas. Isso, aliás, pode ser comprovado empiricamente: a menos que você seja gourmet ou praticante de kung-fu, dificilmente dirá algo como "Fulano, veja o que eu estou usando. É fabricado na China!".

Esse cuidado pode estar ligado a representações dos produtos chineses como de qualidade inferior ou falsificações. Mais do que isso, porém, ele marca uma dissociação discursiva entre a própria China e o mundo. Os bens chineses que consumimos não traduzem uma concepção chinesa de mundo – a não ser a do febril "socialismo de mercado" preceituado por Deng Xiaoping – e nem seus valores civilizatórios mais antigos e profundos. Se lêssemos chinês e conhecêssemos os produtos fabricados para "consumo interno", das balas de ameixa salgada às novelas de tevê, perceberíamos a diferença. Em síntese: é possível inferir que a "invasão global chinesa" ainda não alcançou o território da narrativa, que, em certo plano, governa o mundo tanto quanto a riqueza econômica. Esse território ainda é dominado pelos Estados Unidos e sua capacidade de transnacionalizar bens culturais; no momento em que ele for invadido, talvez seja possível cogitar a possibilidade de estarmos diante de uma nova superpotência.

O Poder wuxia

Os ainda raros bens narrativos sínicos com que o mundo recente fez contato, porém, parecem demonstrar o potencial de encantamento da cultura chinesa. Desses bens, o que mais se sobressai é a literatura wuxia – tema desta edição do G Ideias –, surgida durante a Dinastia Zhou, mais exatamente na "Era dos Reinos Combatentes", há dois mil e trezentos anos.

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