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Espaço Outro, com ACruel Companhia, na praça Santos Andrade | Cleydson Nascimento
Espaço Outro, com ACruel Companhia, na praça Santos Andrade| Foto: Cleydson Nascimento

Um cubo de acrílico foi armado no meio da Praça Santos Andrade pela companhia ACruel. Dentro dele, fica o público. Fora, entre os transeuntes, estão os atores inventando cenas que se misturam aos acontecimentos espontâneos da região central da cidade. Ainda que uma voz em off ouvida no interior da estrutura transparente oriente o olhar dos espectadores para reconhecer as situações encenadas ao redor, há uma pluralidade de pontos de vista em questão no espetáculo Espaço Outro.

Afinal, quem passa pela praça também pode virar espectador, por vezes sem distinguir se a cena que acontece ao lado é ficção ou vida real. E mais: torna-se espectador do próprio grupo enjaulado, acompanhando de fora suas reações.

"Esse formato veio de uma discussão do porquê ainda tínhamos interesse no teatro, se existem outras formas de arte que interessam mais ao público em geral", conta atriz Ana Ferreira. "Como o mais forte no teatro é a presença do ator, decidimos relacionar, de alguma forma e fortemente, a presença do espectador também."

Quem fica dentro da caixa é espectador privilegiado. É informado pela voz em off do que ocorre ao redor, embora nada seja dado facilmente, mas por uma espécie de jogo. "Eles são desafiados a procurar as cenas, não ficam passivos", diz Ana.

Espaço Outro é a segunda montagem do grupo formado por Ana e Emanuelle Sotoski, que escreveram o texto com Rubia Romani. O trabalho de estreia dessas garotas foi Aranha Marrom Não Usa Roberto Carlos, apresentado na última Mostra Novos Repertórios. As estruturas das encenações são diversas, mas algumas características sobrevivem, marcando a personalidade da jovem companhia: "Fazemos de forma lírica, mas quebrando com irreverência, uma tiração de sarro mesmo, através de uma linguagem pop", define Ana.

A nova peça estreou terça-feira (4) driblando contratempos. Na montagem, a caixa caiu e quebrou. Foi preciso refazê-la na hora, causando um atraso de 15 minutos – a encenação não dura muito mais do que isso: meia-hora. "Apesar desse inferno todo, foi boa a peça", diz a atriz. "As pessoas se envolvem mesmo, era o que a gente queria." (LR)

Serviço

Espaço Outro. Praça Santos Andrade – Até 15 de maio. Praça Rui Barbosa – de 18 a 29 de maio. Terça a sábado às 16h30. Entrada franca.

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