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Mostra resgata trabalhos que retratam o  cotidiano da União Soviética. | Vladimir Lagrange/Divulgação
Mostra resgata trabalhos que retratam o cotidiano da União Soviética.| Foto: Vladimir Lagrange/Divulgação

O ano de 1956 foi politicamente marcante para a então União Soviética – o começo do período conhecido por “degelo” da URSS, quando foram reconhecidos os crimes cometidos por Josef Stalin nos anos 1930. O novo líder político Nikita Khrushchov também relaxa parcialmente a repressão política e a censura, e a abertura acaba refletindo nas artes visuais: a estética, até então atrelada ao poder, se volta para o cotidiano e o homem “comum”.

Obras de seis importantes fotógrafos deste período (Viktor Akhlomov, Yuri Krivonossov, Antanas Sutkus, Vladimir Lagrange, Leonid Lazarev e Vladimir Bogdanov) podem ser vistas a partir desta quinta-feira (16), no Museu Oscar Niemeyer. “União Soviética Através da Câmera”, que inaugura às 19h30, apresenta 200 imagens que retratam o país até a sua dissolução, em 1991.

Mais cedo, às 18h30, haverá uma mesa-redonda no miniauditório do MON, com a presença do fotógrafo Vladimir Lagrange. Ele é o único entre os profissionais que continua atuando com projetos inéditos.

A coleção é exibida pela primeira vez no Brasil, e foi trazida para Curitiba por causa do sucesso de uma individual de Sutkus, realizada em 2012. “Existe uma lacuna da escola de fotografia russa. Se conhece o construtivismo, e nada depois disso”, salienta Luiz Gustavo Carvalho, que divide a curadoria com Maria Vragova.

A União Soviética Através da Câmera

MON (R. Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico), (41) 3350-4400. Inauguração quinta-feira (16), às 19h30, com visita guiada dos curadores e do fotógrafo Vladimir Lagrange. Terça-feira a domingo, das 10h às 18 horas. R$ 9 e R$ 4,50 (meia). Até 25 de outubro. Mais informações no Guia.

De Sutkus, há imagens inéditas que não estavam na individual, além das três fotografias do escritor Jean-Paul Sartre e da escritora e filósofa Simone de Beauvoir, que derem fama ao fotógrafo.

A ruptura principal na estética, explica o curador, é que os fotógrafos puderam abandonar as fotos de prédios institucionais e armamentos militares, esperados na era Stalin. “Para rejeitar isso, eles resgatam uma linguagem do construtivismo, com uma composição geométrica extremamente complexa”, diz Carvalho. “O que fica nítido é um interesse pelo homem, e não pelo estado”.

Política

A curadoria tentou passar longe dos fatos políticos da União Soviética, para deixar claro esse novo estilo construído pelos fotógrafos. “A escolha das fotografias foi pela composição, luz e estética individual de cada profissional. Mas há, mesmo que sutilmente, uma subversão contra o regime em certas obras, ao mostrar o cotidiano”, destaca Luiz Gustavo.

Depois do bate-papo, os curadores e Lagrange fazem uma visita guiada pela mostra para o público. A entrada é gratuita.

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