• Carregando...
Parada vem estreitando os laços com o Rio de Janeiro desde 2013, quando foi selecionado pela galeria Gentil Carioca no programa Abre Alas. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Parada vem estreitando os laços com o Rio de Janeiro desde 2013, quando foi selecionado pela galeria Gentil Carioca no programa Abre Alas.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Os vasos de suculenta na sacada do ateliê/casa do artista Juan Parada são um respiro no meio do concreto. Mas as plantas não estão ali só por gosto pessoal do escultor: elas são também matéria-prima para o seu trabalho, que traz o contraste entre o bruto da cerâmica com o elemento vivo. Na próxima terça-feira (28), ele mostrará ao público carioca uma instalação com todas essas características, em uma individual na galeria Amarelonegro, no Rio de Janeiro.

Chamada de Teto Verde, a instalação de três metros de profundidade é formada por 152 pequenas peças de cerâmica. Elas serão suspensas, uma a uma, em uma estrutura de alumínio, a partir do teto. Dentro dos objetos, em formato de gotas, Juan colocará terra e uma suculenta da espécie sedum pendente, que “descem” das estruturas.

Artista é um dos indicados ao Pipa 2015

Juan Parada é um dos nomes indicados para a edição 2015 do Prêmio Investidor Profissional Capital Partners de Arte, o Pipa

Leia a matéria completa

É uma das profissões mais difíceis. Tem de estudar muito e ter disciplina

Juan Parada, artista visual.

No Rio

Teto Verde

Amarelonegro Arte Contemporânea (R. Visconde de Pirajá, 111 – Ipanema) (21) 2549-3950. Visitação das 10h às 19 horas. Até 22 de maio.

O artista vem estreitando os laços com o Rio desde 2013, quando foi selecionado pela galeria Gentil Carioca no projeto Abre Alas (que reúne novos artistas brasileiros cujas obras são expostas no período de carnaval). Depois da mostra, foi convidado para trabalhar junto com a Galeria MUV. Em uma mostra em Brasília, conheceu o galerista da Amarelonegro, que o convidou para a individual.

A tarefa meticulosa de passar os fios de nylon peça por peça, um dos trabalhos que envolve Teto Verde, já foi iniciada por Juan, para ganhar tempo na instalação. A paciência, aliás, é algo inerente à cerâmica – ele pesquisa o tema desde 2007, e também ministra aulas em seu ateliê, que reúnem desde um engenheiro colecionador de canecas, que quer fazer as próprias peças, até um aluno que segue o Candomblé, que quer reproduzir imagens que não encontra prontas.

“Para fazer cerâmica tem que entender a forma da retração da argila, o vento, a temperatura da secagem da peça. A partir da forma que você cria, é preciso pensar em que temperatura vou queimar ela, que tipo de esmalte vou usar. São questões técnicas, mas que exigem esse grau de sensibilidade, que é estabelecer uma conversa com o material”, explica. Ansiosos se dão bem com a técnica, garante Juan. “Não é meu foco, mas, invariavelmente, você sofre essa questão. Tem uma relação de energia, de você botar a mão na massa, literalmente.”

Com Teto Verde e outras obras recentes, ele busca formas para não cair no caminho ornamental (uma delas é a eliminação da cor, por exemplo). “Isso é um risco, e uma provocação que eu faço é associar a cerâmica e a planta, que fazem parte do inconsciente coletivo, para criar uma discussão de arte contemporânea.”

O artista até faz peças utilitárias: na prateleira de sua cozinha/ateliê, onde o forno convencional e o de cerâmica dividem espaço, há algumas xícaras feitas por ele para uso próprio, junto com outras peças que ele trouxe recentemente da Tailândia (onde fez uma residência artística e participou da mostra Tropikos). Se engana quem pensa que os utilitários são fáceis. “São trabalhosos, exigem técnica e tempo.”

Começo

Autodidata na pesquisa em cerâmica, Juan é formado em Escultura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), mas se considera envolvido com a arte desde sempre. Com seis anos de idade, ele começou a sua incursão quando catava argila branca do pátio do parquinho da escola Bom Jesus da Aldeia, em Campo Largo, onde estudou na infância. “Sempre que batia o sinal para a gente pegar o ônibus, eu juntava um saquinho de salgadinho, levava argila pra casa e desenvolvia”, relembra.

Veterinário

Na época, ainda queria ser veterinário. Pegava suas coleções de livros de bichos e reproduzia os desenhos tridimensionalmente. Com 16 anos, Juan entrou no ateliê da artista Elizabeth Titton e aprendeu técnicas acadêmicas, como escultura em pedra e bronze. “Quando entrei na Belas, vi que era o que queria”.

No meio disputado da arte, é necessário trabalho. “É uma das profissões mais difíceis. Tem de estudar muito, ter concentração e autodisciplina”, frisa Juan. “O artista é autônomo, lida com um mercado instável e com uma concorrência gigantesca.”

Depois de Teto Verde, Juan Parada inaugura, em agosto, outra exposição individual, dessa vez em Curitiba, na Farol Galeria de Arte.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]