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Fotografia de Graciela Iturbide, publicada na “Zum”: trabalho da mexicana é considerado um dos mais influentes da América Latina. | Reprodução
Fotografia de Graciela Iturbide, publicada na “Zum”: trabalho da mexicana é considerado um dos mais influentes da América Latina.| Foto: Reprodução

A mais recente edição da revista de fotografia “Zum”, editada pelo Instituto Moreira Salles (IMS), faz uma retrospectiva da obra da mexicana Graciela Iturbide, considerada uma das mais influentes da América Latina.

Hoje em 73 anos, a artista ficou conhecida por imagens como a “Mulher Anjo”, de 1979. A foto foi feita durante um mapeamento visual de um povo ex-nômade de uma região desértica do México, na fronteira com o estado americano do Arizona, a pedido do Instituto Nacional Indigenista.

Graciela passou um mês e meio com os Seris, em Punta Chueca, junto com um antropólogo. A imagem é de uma mulher seri que guiava a equipe pelo deserto, com um rádio portátil a tiracolo – provavelmente recebido de um redneck do outro lado da fronteira, intercâmbio que interessava à pesquisa.

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As primeiras páginas da “Zum” de número 9 se dedicam a resgatar o fotojornalismo inovador do norte-americano George Leary Love (1937- 1995)

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O resultado, no entanto, falhou em termos de etnografia. A fotógrafa manchou os registros com uma abordagem emocional e estetizada, desinteressada no método científico e na precisão documental, o que gerou críticas de antropólogos.

O circuito artístico, por outro lado, festejou o trabalho. Graciela assumiu seu descompromisso com o rigor documental e seguiu mergulhando a seu modo em patrimônios do México como o matriarcado Zapoteca – cujos registros tiveram ressonância ao despertar interesse do feminismo, que ganhava força no Ocidente dos anos 1980.

O valor etnográfico do trabalho da mexicana, no fim das contas, acabaria sendo reconhecido por acadêmicos como o professor Stanley Brandes, da Universidade da Califórnia em Berkeley, que a definiu como “antropóloga nata” e reconheceu que sua lente revelou um México que mesmo os antropólogos desconheciam.

Seguidora de um modo de fazer lento, paciente, que resultou em períodos de até dez anos para produzir um ensaio, Graciela investigou outros aspectos profundos da cultura mexicana, como a morte. E foi responsável por documentar, em 2006, o banheiro da Casa Azul, de Frida Kahlo – recém-aberto depois de cinco décadas vedado por Diego Rivera.

O marido da pintora queria evitar a exposição de uma das mais dolorosas partes de sua vida. O cômodo guardava toda a parafernália ortopédica relacionada às sequelas da poliomielite e do acidente de trânsito sofridos pela artista.

Pela lente de Graciela, esses objetos acabaram revelando Frida com uma intimidade inédita.

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