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O ponto alto de “Drummond” fica para interpretações como as dos poemas “Biblioteca Verde”, “Enleios”, “Menina do Balanço” e “A Flor e a Náusea” | /
O ponto alto de “Drummond” fica para interpretações como as dos poemas “Biblioteca Verde”, “Enleios”, “Menina do Balanço” e “A Flor e a Náusea”| Foto: /

Interpretar o encanto que une a vida e a morte da poesia de Drummond não é, certamente, missão simples. Mas o grupo Ponto de Partida, de Barbacena (MG), pode se sentir contente por conseguir realizar a façanha e, com isso, ter agradado a plateia quase cheia do Teatro Bom Jesus, em Curitiba, na noite deste sábado (28).

Na primeira apresentação da peça “Drummond” no Festival de Teatro, o espetáculo – que se repete neste domingo (29), às 19 horas, também no Bom Jesus– surpreendeu até mesmo os mais céticos. Afinal, interpretar os textos do mineiro de Itabira mais importante do país parece muito mais sensato do que vê-los sendo interpretados.

Mas, com atores cativantes e um texto escrito exclusivamente com os versos do poeta – que recria, em ordem cronológica, situações da vida desde a infância até a velhice –, a montagem ganhou força. Arrancou risos, suspiros e saudosismo de um público que se viu, pouco a pouco, familiarizado com as obras do poeta.

O ponto alto do espetáculo fica para interpretações como as dos poemas “Biblioteca Verde”, “Enleios”, “Menina do Balanço” e “A Flor e a Náusea”. Adaptados, levam referências que, implícitas nos textos originais, entram na peça para destacar o lirismo do mineiro.

O figurino também é atraente. Embora simples, que remete ao Brasil lá da década de 1930, muito tem a ver com os poemas de Drummond. Ou melhor, com Itabira dele.

Um ou outro poema não foi tão valorizado quando deveria. Seja por interpretação ou pela pouca importância dada a ele na montagem. Um exemplo: Quadrilha, que pareceu ter sido encaixado apenas para não ficar mesmo de fora.

Mas, o grande desprazer da peça veio da plateia. Jovens que pareciam entediados com o espetáculo não largavam seus celulares, mesmo com o aviso inicial que proibia o uso das máquinas no ambiente. Muitos ignoraram os bons comportamentos e apelaram para selfies e filmagens durante a encenação.

De maneira geral, ver as poesias e os poemas narrativos de Carlos Drummond de Andrade ganhando forma e personagens concretos em um num palco é algo peculiar. É preciso muita sensatez e reflexão para não desandar tudo. E, com a companhia Ponto de Partida, a audácia funcionou, ainda que com um cenário mínimo em detalhes.

A peça

Drummond estreou há vinte anos como espetáculo de abertura do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro e mantém a maioria dos atores do início. Ao longo desse tempo, a peça já excursionou por países da África e da Alemanha.

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