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Snoopy, no traço de Charles M. Schulz. | Reprodução
Snoopy, no traço de Charles M. Schulz.| Foto: Reprodução

Mendelson não concluiu o documentário sobre o criador dos “Peanuts” por falta de recursos. Mas um ano após abandonar a filmagem do documentário “Um Garoto Chamado Charlie Brown” (título que não seria desperdiçado, pois batizaria a primeira incursão dos personagens no cinema, em 1969), Mendelson viu na proposta da CBS a chance não só de aproveitar o material já feito, mas de ir além.

O produtor intermediou as negociações entre o canal e Schulz, sem se esquecer, é claro, de Bill Melendez e Vince Guaraldi.

Em junho de 1965, ficou acertado que Schulz escreveria o roteiro e Melendez e sua equipe executariam o especial “O Natal de Charlie Brown”, com mais canções a serem compostas por Guaraldi, além de “Linus and Lucy”. Tudo supervisionado por Mendelson.

Quase

Por pouco “O Natal de Charlie Brown” não foi ao ar em 1965. Os executivos da CBS que assistiram ao especial antes de passar na TV não gostaram do que viram. Acharam o roteiro lento e inocente, as vozes das crianças amadoras e que as músicas não se encaixavam. Quem bancou a produção foi o presidente do canal, Frank Stanton, um executivo que fugia do padrão por ter sensibilidade estética. Após ser assistido por metade da população americana na noite de estreia, os elogios da crítica em todo os EUA eram justamente de que o especial de Natal dos “Peanuts” se destacou pela inovação: um roteiro que agradava não só crianças, mas também adultos, a personalidade das vozes das crianças e uma trilha sonora sofisticada.

O problema é que o tempo (seis meses) e o orçamento (de US$ 150 mil, que estourou em US$ 25 mil) eram curtos para a produção, levando-se em conta que a computação gráfica ainda não era um recurso disponível. Começava a luta contra o tempo do quarteto Schulz-Mendelson-Melendez-Guaraldi, que conseguiu entregar o desenho só uma semana antes da data de exibição.

Melendez e sua equipe de 50 desenhistas produziram a toque de caixa por seis meses mais de 10 mil fotogramas, todos desenhados à mão. A animação teria quase meia hora na TV. Em condições normais da época, um desenho animado com essa duração exigiria no mínimo um ano para ser concluído, o dobro de tempo com que foi feito “O Natal de Charlie Brown”.

Como comparação, “Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, o Filme”, cujo roteiro é do filho do criador dos personagens, Craig Schulz, e que usa recursos mais modernos de animação, teve três anos para ser concluído. A produção em 3D lançada nos cinemas dos EUA neste mês (e que estreia em 14 de janeiro no Brasil), com direção de Steve Martino, de “A Era do Gelo 4”, é a primeira que não leva a assinatura de Melendez, morto em 2008 aos 91 anos.

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